Estado e municípios estão mobilizados em ações preventivas e de atendimento a situações de desastres causados pelas chuvas de verão
A chegada do período mais chuvoso do ano – que vai deste mês até meados de abril de 2023 – coloca as cidades da região e de todo o Estado em situação de observação. A ameaça de tempestades é motivo de preocupação especialmente para quem vive nos quase 270 mil imóveis distribuídos por 1.671 áreas de risco mapeadas pelo IG (Instituto Geológico) no Grande ABC.
Os dados, de 2020, são utilizados como instrumento para a adoção de medidas preventivas e planejamento de ações emergenciais em casos de desastre. Com o mapa em mãos, é possível ter a dimensão do perigo: 22% do total das edificações, ou 59.230 imóveis, estão situadas em locais classificados como R3 e R4, de risco alto ou muito alto para deslizamentos ou inundações.
O drama sentido na pele por essas pessoas e as políticas desenvolvidas para o combate e suporte em ocorrências é tema de série especial de reportagens que serão publicadas pelo Diário neste e nos próximos domingos.
A Defesa Civil do Estado e dos municípios, com o suporte das prefeituras, estão mobilizadas em operações de segurança estruturadas para o verão. Assim como foi nos últimos anos, a previsão é de muita chuva para, pelos menos, os próximos quatro meses.
“Teremos o terceiro ano seguido sob o fenômeno climático La Niña, caracterizado por chuvas mais constantes”, afirmou o diretor do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Defesa Civil do Estado, capitão Felipe Zaupa. “Ocorre aquela chuva todos os dias e o solo vai ficando úmido, o que gera perigo, porque pode agravar a tendência de escorregamentos (de terra), especialmente na faixa Leste do Estado (onde está o Grande ABC), que tem muitas encostas”, observou.
A partir de fevereiro, a frequência das tempestades deve ficar mais espaçada, porém com possibilidade de pancadas de chuva. “Aqueles temporais típicos de verão, que também são perigosos”.
No Grande ABC, a cidade com o maior número de áreas de risco é São Bernardo (551), seguida por Santo André (398) e Ribeirão Pires (321). A maior concentração de edificações (residenciais, comerciais ou de serviços), entretanto, está em Santo André (106.228), seguida de São Bernardo (95.830) e Ribeirão Pires (22.870). Mauá, que está na quarta posição, detém o mais elevado índice de imóveis em áreas de risco alto ou muito alto. São 14.495 construções nessa situação, o que corresponde a 65% do total (22.534).
OPERAÇÕES DE VERÃO
Para reduzir o impacto das chuvas e, com isso, das cenas recorrentes de vítimas e estragos provocados pelas tempestades, as defesas civis do Estado e dos municípios contam com esquema operacional que vigora entre </CW>dezembro e abril.
“Durante a Operação Verão (do Estado), reforçamos o time de meteorologistas para termos plantões noturnos. Temos profissionais trabalhando 24 horas por dia para pegar todas as nuances meteorológicas e alertas a população e membros do Sistema Estadual de Proteção em Defesa Civil em qualquer situação emergencial”, disse o diretor do CGE.
Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá já iniciaram seus planos preventivo e de atendimento a emergências. Diadema afirmou que o programa está em fase de formalização. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não informaram datas ou medidas específicas.
Nas operações, as prefeituras, junto às defesas civis, reforçam as ações de fiscalização e monitoramento das áreas de risco. Abrigos temporários são estruturados com insumos para o atendimento emergencial humanitário, caso necessário. As campanhas de orientação e emissão de alertas também são reforçados por canais on-line e através dos chamados Nupdecs (Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil).
“Temos focado, nos últimos anos, na conscientização da população quanto às noções de percepção de risco. A prevenção mitiga muita coisa, mas não impossibilita o desastre de acontecer. O que a gente consegue é diminuir os danos, sejam humanos ou materiais”, ressaltou Zaupa.
Um dos serviços de prevenção disponibilizados pela Defesa Civil estadual é o disparo de alertas por telefone. Para receber as mensagens, basta enviar um SMS para 40199, informando apenas o CEP do local.
PERDAS NA REGIÃO
As tempestades de verão voltaram a castigar os moradores do Grande ABC nesse fim de ano. A primeira vítima fatal em incidentes provocados nesta temporada de chuvas foi Alcides Ramos Ferreira, 56, em Mauá. O veículo em que Alcides estava foi arrastado pela água para dentro de rio na Estrada do Britador. Ontem, um homem de 51 anos caiu em um córrego e foi arrastado pela correnteza.
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