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Araújo é eleito presidente da Câmara
Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
03/12/2010 | 07:37
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Na tumultuada eleição que, conforme antecipado pelo Diário há duas semanas, definiu José de Araújo (PMDB) como presidente da Câmara de Santo André para o biênio 2011/2012, não faltaram fatos curiosos. O principal deles foi a ausência de um dos 21 vereadores no instante da votação.

Sem concordar com a composição das duas chapas credenciadas para o pleito, Paulinho Serra (PSDB) deixou o plenário como forma de protesto momentos antes de declarar voto. Assim, o placar final apontou 11 a 9 para Araújo contra Almir Cicote (PSB).

Antes da ‘abstenção' do tucano havia a configuração de três chapas, encabeçadas pelo peemedebista (líder do governo) com o apoio do PT (oposição); por Ailton Lima (PDT), cuja formação deu-se puramente por integrantes da base de sustentação ao prefeito Aidan Ravin (PTB); e por Pinheirinho (DEM), candidato de si mesmo, mas que no fim votou em Araújo.

No início da tarde o PT, que forma a maior bancada da Casa, com seis cadeiras, abandonou o compromisso com Araújo e passou a apoiar Cicote. A partir daí, o homem-forte do Executivo, o secretário de Gabinete, Nilson Bonome (que nas próximas semanas se filiará ao PMDB), interveio aos pares para avalizar o nome de seu futuro correligionário.

Assim, "pediu" para que Ailton Lima (o plano B do governo) retirasse seu nome da disputa, transferindo os apoios do pedetista a Araújo. Com a desistência de Lima, Serra e Marcelo Chehade (também do PSDB) se inclinaram pela eleição de Cicote, que transitava nos corredores com ares de favoritismo.

Mas, após intervenção de Bonome, Chehade mudou seu posicionamento e votou no líder do governo. Serra, alegando não se sentir "confortável" para votar, deixou o plenário. "As composições das chapas se configuraram no pior cenário. Uma tinha o PT e a outra encabeçada pelo PMDB, do vice Michel Temer da Dilma Rousseff", considerou o tucano, justificando sua retirada.

Derrotado, Cicote disparou contra Chehade. "Ele foi o único que se comprometeu a votar em mim e não cumpriu. Ele terá de ter caráter e pedir desculpas ao Paulinho (líder do PSDB)", destacou, sinalizando que a revoada tucana de sua chapa foi provocada por Chehade, após ceder à pressão de Bonome.

 

 

Articulações geram conflitos entre pares

 

 Desde 1982, a Prefeitura de São Caetano recebe as cores do PTB e, consequentemente, o panorama político se configura na presidência da Câmara, que a partir do início da década sempre conquistou o cargo de maior importância na mesa diretora.

O primeiro biênio da sequência da sigla (2001/2002) foi alcançado por Flávio Rstom (PTB) e a sucessão (2003/2004) ficou por conta de Paulo Pinheiro (PTB), que havia se convertido à sigla depois de deixar o PFL, em fase de transição para a formação do hoje DEM. O candidato seguinte conseguiu emplacar quatro anos consecutivos: Paulo Bottura (PTB) assumiu a cadeira em 2005 e fortaleceu o quadro para 2007/2008.

Apesar de dizer que acatará o posicionamento do prefeito José Auricchio Júnior (PTB), Pinheiro avalia que, diante da hegemonia do partido no Legislativo – com cinco cadeiras –, o panorama deve se manter em decorrência da autonomia da legenda.

“Partido aliado pode requerer outras cadeiras na mesa diretora e pode agregar em termos políticos, entretanto estamos no poder majoritário e temos quase 50% da Casa com as cores do PTB. Pela condição atual, não tem o porquê sair de nossas mãos”, opinou o atual vice-presidente.

Pinheiro, que pleiteia a indicação de Auricchio para ser o escolhido do Paço às eleições municipais de 2012, rechaçou que as afirmações sejam meramente por questões de confiança. “Não que os vereadores das demais siglas sejam incapacitados mas, na minha concepção, levando em consideração a importância do posto, esse quadro tende a se manter como nos últimos anos.”

Outro que articula nos bastidores para permanecer com as suas atribuições é o vereador Paulo Bottura (PTB), na condição de líder do governo, que deverá sentar com Auricchio até a próxima semana para manifestar o desejo de continuar como interlocutor entre Executivo e Legislativo.

 




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