Setecidades Titulo A arte de ensinar
Formação é desafio para os 28,5 mil docentes da região

Dia do Professor é celebrado em meio às novas demandas que foram impostas pelo coronavírus

Joyce Cunha
15/10/2022 | 08:53
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Claudinei Plaza/DGABC


 A menina de Diadema que a vida toda estudou em escolas públicas transformou o sonho da infância em realidade. Com trajetória intensa de formação e trabalho, Janaina Perez Marques de Azevedo, 47 anos, está entre os 28.465 educadores que lecionam para 432 mil alunos matriculados em unidades de ensino municipais e estaduais do Grande ABC. 

Hoje, Dia do Professor, educadores avaliam os desafios da docência, com atenção especial aos impactos da pandemia do coronavírus, e ressaltam a importancia da atualização profissional permante. 

Na mesma unidade em que foi alfabetizada na década de 1980, a Escola Estadual João Ramalho, no Jardim Elisa, Janaina deu os primeiros passos em sua prática pedagógica. Duas décadas e centenas de alunos depois, a professora deixou, temporariamente, as turmas de ensino fundamental e EJA (Educação para Jovens e Adultos) para assumir outro desafio: em sua sala de aula, agora, estão os professores da rede municipal de Diadema. 

“Assim como a criança só vai aprender a contar fazendo contas, nós professores só vamos aprender a ensinar aprendendo”, afirmou Janaina. “Se o desafio é fazer o aluno com defasagem aprender, não posso passar às professoras jogos ou metodologias que já utilizam em sala de aula, porque isso não funcionou com as crianças. Então buscamos algo diferente”, explicou. 

Na região, as prefeituras e a Secretaria da Educação do Estado mantêm programas voltados à formação permanente dos professores. O investimento é considerado vital para o desenvolvimento dos estudantes. “Um dos desafios entre os professores tem sido a forma de lidar com os diferentes saberes dos estudantes depois do contexto pandêmico. Apesar do empenho no ensino remoto, eles perderam muito”, destacou Priscila de Giovani, coordenadora pedagógica na Comunidade Educativa Cedac, que atua com ações para redes públicas em todo o País.

O atual cenário de perdas no nível de aprendizado dos alunos em relação ao que é estabelecido como meta para cada etapa escolar impõe novas demandas aos professores. “É preciso ter um planejamento específico e isso exige um tempo maior para planejar. Demanda conhecimento para realizar este trabalho. O professor precisa de formação para conseguir olhar e ajustar sua proposta para os diferentes saberes”, sinalizou a especialista. 

Além da atualização permanente, que deve levar em consideração a realidade de cada turma e o desempenho dos educadores, professores esbarram com outros desafios cotidianos. “Existe um nível anterior à formação que é a valorização pela remuneração. Hoje os docentes trabalham dois ou três períodos para manter suas casas, sua vida. Quando há melhor remuneração, existe a possibilidade de ampliação da carga horária em determinado lugar e ter mais espaço para planejar, para discutir sua prática e realizar reuniões semanais com as equipes”, observou.

Questionadas sobre valorização salarial, as prefeituras da região afirmaram pagar o Piso Nacional vigente aos professores ou acima disso. Somente Rio Grande da Serra informou estar avaliando a questão. Apesar de a Prefeitura de São Caetano não responder ao questionamento do Diário, professora da rede municipal da cidade denunciou à reportagem (edição de 6 de outubro) que a Secretaria de Educação paga salário abaixo do Piso Nacional da categoria. 

Amor pela profissão

Em celebração ao Dia das Crianças, alunos da Escola Municipal Homero Thon, em Santo André, participaram de ‘bailinho’. Elizabeth Rodrigues Vieira, 53, que leciona há quase três décadas, escolheu para fantasia a personagem Rapunzel. “Faço tudo com amor e gosto muito de ser professora. Vejo em meus alunos o resultado de meu trabalho. Aprendo e me divirto muito com eles”, disse a ‘prô’ Beth. 




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