Economia Titulo Mobilização
Trabalhadores da Tupy realizam manifestação

Empresa quer transferir operários da região para unidades de Joinville (SC) ou Betim (MG)

Beatriz Mirelle
Do Diário do Grande ABC
07/10/2022 | 08:23
Compartilhar notícia
Beatriz Mirelle/DGABC


Os funcionários da Fundição Tupy realizaram ontem manifestação na frente da fábrica localizada no bairro Capuava, em Mauá. Os trabalhadores alegam que as opções oferecidas após a notificação de fechamento da planta no Grande ABC não são suficientes, levando em consideração que os trabalhadores possuem doenças adquiridas em ambiente de trabalho. A ação contou com cerca de 40 pessoas.

A companhia se disponibilizou a remanejar as equipes regionais nas unidades de Joinville, em Santa Catarina, ou Betim, Minas Gerais. Para aqueles que não aceitarem seguir o contrato com a fábrica, foi oferecido pacote de três salários, seis meses de convênio médico e seis meses de vale-compras de R$ 1.200.

O diretor e secretário administrativo e financeiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, Sivaldo Pereira, funcionário da Tupy há 36 anos, informa que cerca de 45 pessoas já foram demitidas e aceitaram esse pacote. “Outros 25 assinaram a carta de intenção para concordar com o acordo. Na empresa, tem pessoas que vão se aposentar daqui 10, 20 anos. Então, os valores variam. Temos 64 pessoas que aceitaram ir para as outras plantas. A maioria vai para Betim e está indo porque não tem outra opção”, comenta. “A nossa convenção (coletiva) dá ao trabalhador a garantia de emprego até se aposentar caso ele tenha algum tipo de doença ocupacional ou acidente de trabalho. A Tupy garante que manterá os empregos nas outras cidades, mas, para quem quer ficar, eles estão muito irredutíveis”, afirma.

O operador Claudinei de Freitas, 40 anos, trabalha há 18 anos com fundição, sendo 11 deles na Tupy. “Estou afastado pelo INSS pelo problema no ombro e as três hérnias de disco que tenho. Tudo adquirido pelo cargo que ocupo. Em pouco tempo, não tem como decidir uma mudança tão grande, porque também envolve minha mulher e meus dois filhos.” O funcionário recebe auxílio acidente e vê a manifestação como uma maneira de sensibilizar a companhia. “Queremos que os diretores se coloquem no nosso lugar. A situação é difícil. Assim como eu, vários colegas também não arrumam emprego se saírem daqui”, relata.

Itamires Parnaíba, 29, acompanhou o marido, que trabalha como soldador na Tupy, durante a manifestação. “Todas as nossas coisas estão aqui, nossa família está na região. Queremos que eles ofereçam opções melhores e paguem o valor que os funcionários merecem”, comentou a dona de casa, que estava com a filha de 2 anos e oito meses. “Isso vai atrapalhar nossa estabilidade. As escolas das meninas estão aqui, tanto da pequena quanto da nossa filha de 9 anos. Se mudarmos de cidade, teríamos uma vida totalmente diferente, sem conhecer ninguém”, afirma. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;