Empresa quer transferir operários da região para unidades de Joinville (SC) ou Betim (MG)
Os funcionários da Fundição Tupy realizaram ontem manifestação na frente da fábrica localizada no bairro Capuava, em Mauá. Os trabalhadores alegam que as opções oferecidas após a notificação de fechamento da planta no Grande ABC não são suficientes, levando em consideração que os trabalhadores possuem doenças adquiridas em ambiente de trabalho. A ação contou com cerca de 40 pessoas.
A companhia se disponibilizou a remanejar as equipes regionais nas unidades de Joinville, em Santa Catarina, ou Betim, Minas Gerais. Para aqueles que não aceitarem seguir o contrato com a fábrica, foi oferecido pacote de três salários, seis meses de convênio médico e seis meses de vale-compras de R$ 1.200.
O diretor e secretário administrativo e financeiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, Sivaldo Pereira, funcionário da Tupy há 36 anos, informa que cerca de 45 pessoas já foram demitidas e aceitaram esse pacote. “Outros 25 assinaram a carta de intenção para concordar com o acordo. Na empresa, tem pessoas que vão se aposentar daqui 10, 20 anos. Então, os valores variam. Temos 64 pessoas que aceitaram ir para as outras plantas. A maioria vai para Betim e está indo porque não tem outra opção”, comenta. “A nossa convenção (coletiva) dá ao trabalhador a garantia de emprego até se aposentar caso ele tenha algum tipo de doença ocupacional ou acidente de trabalho. A Tupy garante que manterá os empregos nas outras cidades, mas, para quem quer ficar, eles estão muito irredutíveis”, afirma.
O operador Claudinei de Freitas, 40 anos, trabalha há 18 anos com fundição, sendo 11 deles na Tupy. “Estou afastado pelo INSS pelo problema no ombro e as três hérnias de disco que tenho. Tudo adquirido pelo cargo que ocupo. Em pouco tempo, não tem como decidir uma mudança tão grande, porque também envolve minha mulher e meus dois filhos.” O funcionário recebe auxílio acidente e vê a manifestação como uma maneira de sensibilizar a companhia. “Queremos que os diretores se coloquem no nosso lugar. A situação é difícil. Assim como eu, vários colegas também não arrumam emprego se saírem daqui”, relata.
Itamires Parnaíba, 29, acompanhou o marido, que trabalha como soldador na Tupy, durante a manifestação. “Todas as nossas coisas estão aqui, nossa família está na região. Queremos que eles ofereçam opções melhores e paguem o valor que os funcionários merecem”, comentou a dona de casa, que estava com a filha de 2 anos e oito meses. “Isso vai atrapalhar nossa estabilidade. As escolas das meninas estão aqui, tanto da pequena quanto da nossa filha de 9 anos. Se mudarmos de cidade, teríamos uma vida totalmente diferente, sem conhecer ninguém”, afirma.
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