A sra. imaginava uma votação tão expressiva como a que recebeu no domingo?

Não imaginava. Significou uma acolhida de toda nossa caminhada. Para mim, foi o reconhecimento de todo o trabalho que fizemos desde 2017 e que, por muitas vezes, a gente achava que não aparecia, que não chegava nas pessoas. E o fato de a gente ter tido a oportunidade, durante a campanha, de contar o que foi feito, do impacto dessas ações, foi muito positivo. Isso me traz também uma grande responsabilidade. Durante todo esse período pedi que as pessoas levassem adiante essa mensagem, com engajamento nas redes, para convidar a todos a participar desse movimento. E isso, de fato, aconteceu, com o expressivo resultado nas urnas. Agora é a minha vez de retribuir e de representar todas as pessoas, todo o lado social que a gente fez em Santo André e é que possível fazer para todo o Estado.

É o reconhecimento da importância do trabalho social?

Exatamente. Por muitas vezes ele é invisível, mas impacta demais a vida das pessoas. Sempre falei que o trabalho na área social é como cuidar de nossa casa. Quando a gente lava roupa, todo dia vai ter mais para lavar. Ele não aparece, mas se alguém parar de fazer esse trabalho, as pessoas vão sentir falta e vão reclamar. É isso que foi potencializado em Santo André e parece, pelo resultado das urnas, que as pessoas entenderam que ele é importante. Fiquei muito feliz e sensibilizada com isso.

A pandemia da Covid-19 trouxe esse lado mais solidário da população de Santo André?

Eu sempre acreditei que as pessoas sempre foram solidárias, só que faltavam instrumentos para essa solidariedade. Elas não encontravam um mecanismo correto de ajuda. E foi esse mecanismo que deu certo e a gente conseguiu desenvolver por meio do Núcleo de Inovação Social da Prefeitura. Juntamos as pessoas nessa corrente de solidariedade, que foi exacerbada pela pandemia e que mostrou que estávamos todos no mesmo barco. A partir do momento em que a cidade já estava organizada para ajudar aquele que mais precisava, foi possível ampliar esse trabalho. O Fundo Social teve um papel importante.

Que projeto a sra. já tem em mente para levar à Assembléia já no início de seu mandato?

Sem dúvida, será o trabalho de fortalecimento das entidades sociais, do terceiro setor. É importante desburocratizar o acesso às emendas parlamentares, que são importantes para o desenvolvimento desse trabalho. A gente vê na cidade de São Paulo algo que dá muito certo que são as parcerias com as entidades sociais para suprir a demanda do poder público, como, por exemplo, em relação a creches e atendimento à saúde. Isso precisa de um reconhecimento maior. É preciso facilitar o trabalho dessas organizações sociais a participarem do trabalho do poder público. Isso é uma visão mais moderna da assistência social e não só focar na necessidade da atuação do poder público. Solidariedade não é só um trabalho assistencial. A gente vê ajuda das pessoas no suprimento das mais diversas formas. Pode ser em alimentos, mas também em forma de capacitação profissional. Quando uma entidade ajuda a tirar o jovem da rua e fornece atividade de esporte, ela abrange várias áreas, como saúde e lazer. Muitos meninos do futebol e do atletismo vêm de trabalhos de base de entidades como essas. Por isso que é importante potencializar esse trabalho.

Quando a sra. fala em desburocratizar, quer dizer em garantir mais recursos a essas organizações sociais?

Isso mesmo. O que já existe de política pública são as transferências de emendas parlamentares para as entidades assistenciais. Existem muitas que têm dificuldades de receber esses recursos pela questão da documentação necessária. O que a gente quer é facilitar esse acesso. De um lado há muita verba pública parada e de outro há organizações precisando e que não conseguem receber justamente por falta de documentos. A gente pode conseguir destravar e facilitar isso.

Recentemente, o prefeito da Capital, Ricardo Nunes (MDB), demonstrou interesse em levar o programa Moeda Verde para a cidade. Com deputada estadual, o que pode fazer para ampliar esse projeto criado em Santo André?

Fico lisonjeada em entender que projetos como esse podem ser ampliados. Ele começou pequeno e quando a gente viu estava sendo reconhecido por outros Estados e municípios. Recebemos a visita do prefeito de Recife, João Campos, e quando a gente vê o prefeito de São Paulo analisar essa possibilidade me deixa feliz. Bom ver o compromisso de pessoas em levar esse programa de sucesso que surgiu em Santo André.

Dos 198.698 votos que a sra. recebeu no Estado, 154 mil vieram de Santo André. Isso reflete o reconhecimento à atual administração municipal?

Com certeza. É um trabalho feito em conjunto desde 2017, liderado pelo prefeito Paulo Serra e que um grande grupo acreditou. É o reflexo de um trabalho que não é de hoje e nem de uma campanha. Isso mostra o resgate da autoestisma do andreense.

Dos deputados estaduais eleitos pelo Grande ABC, os três primeiros são mulheres (Ana Carolina, Carla Morando e Ediane Maria). O que isso representa?

Significa muita coisa. É uma evolução histórica. O direito das mulheres ao voto foi conquistado recentemente. Com isso, a participação vem crescendo. Isso não é forçado. Se passaram a ter direito a escolha, vai aumentar com o tempo a presença na política. Fico muito feliz com a oportunidade dada para nós, em sermos representantes não só da causa feminina, mas de toda a população.

Da parte da sra., haverá empenho para que todos os deputados eleitos pela região possam estar juntos, formando a bancada do Grande ABC na Assembleia?

Sem dúvida. A principal pauta do meu trabalho é o desenvolvimento da região. Nós, que fomos eleitos, precisamos fazer um trabalho em conjunto, pensando no Grande ABC. O foco principal é defender nossa região, para atrair mais investimentos.

No Grande ABC, o Cidadania ficou em primeiro lugar tanto para estadual, com a sra., como para federal, com Alex Manente. O que isso mostra?

Mostra a força do Grande ABC e o poder que a região tem em nível estadual e federal. A força da população precisa ser respeitada e bem representada. O Cidadania me deu essa oportunidade.

Como a sra. vai se situar na Assembleia em um possível cenário com Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou com Fernando Haddad (PT) como governador?

Estou chegando agora no Cidadania e aguardo o posicionamento do partido sobre o segundo turno da eleição para o governo de São Paulo. Acredito que, por toda a região e pela eleição de Paulo Serra, o Grande ABC tem se mostrado em um posicionamento contrário ao Partido dos Trabalhadores. O importante é que a democracia prevaleça e que a decisão das urnas seja sempre respeitada. Como deputada estadual eleita, vou cumprir na Assembleia Legislativa o meu papel de fiscalizar o trabalho do governador eleito.