O presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhaes (PFL-BA),disse, nesta sexta-feira, ao chegar ao Congresso nao ser contra a política do governo como um todo nem se sente no dever de devolver os cargos de autoridades indicadas por ele. Nesta quinta, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que os contrários ao seu programa de governo "têm o dever de, eles próprios, dizerem que sao contra e de se afastarem das responsabilidades de governo".

O senador nao minimizou sua posiçao em relaçao ao salário mínimo, que classificou de "divergência de base, importante", pois queria um mínimo maior. Ele nao considerou isto uma divergência com a política de governo. "Se eu divergisse, meu partido nao estaria apoiando, pelo menos uma parte. Se o partido está apoiando, tem ministros, eu mesmo tenho ministros no Governo, nao vou estar contra, é ilógico", argumentou.

ACM disse que nao ouviu e nem leu o pronunciamento feito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso nesta quinta, no qual foi solicitado que os que discordassem do governo entregassem seus cargos. "Nunca me senti coagido a isso, só aceita coaçao quem gosta de ser coagido", reagiu.

Ao ser informado de que o presidente disse que nao estava fazendo ameaças, mas cobrando coerência política, o senador comentou: "Aí já é uma posiçao diferente. Ele já está dando, evidentemente, o direito de se colocar o cargo à disposiçao ou nao. É um problema pessoal de cada um."

O presidente do Senado ficou irritado quando lhe perguntaram de forma direta se ele apóia ou nao o programa de governo do presidente Fernando Henrique. "Nao vou responder essa pergunta", respondeu, atribuindo à imprensa o esforço para "intrigá-lo" com o presidente da República.

Ele disse que as relaçoes entre os dois estao boas. "Nao adianta, o presidente esteve comigo ontem à noite, conversamos bastante; já tinhamos conversado antes no telefone; às 8 horas da noite o presidente me telefonou, sabendo que eu ia lá pro jantar. Nós estamos muito bem, poderemos até, amanha, estar mal, mas estamos muito bem". Segundo Magalhaes, nao será a "intriga" da imprensa que mudará isso.

O presidente do Senado receberá a visita do presidente da Itália, Carlo Azeglio Ciampi, nesta sexta.