Economia Titulo Até domingo
Mercedes para produção após demissão em massa

Decisão foi tomada em assembleia dois dias depois que empresa anunciou dispensa de 3.600

Tomaz de Alvarenga
Do Diário do Grande ABC
09/09/2022 | 08:33
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Claudinei Plaza/DGABC


Após a assembleia realizada na tarde de ontem (8) pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no estacionamento da fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo, os funcionários da montadora decidiram por unanimidade paralisar a produção, para os turnos da tarde e noite de ontem, para hoje (8), amanhã (10), além dos que porventura trabalhariam no domingo (11). Os trabalhadores que executam atividades através do home office também estão dispensados até a próxima semana. Todos retornarão ao trabalho na segunda-feira (12). Esta decisão foi tomada após a montadora emitir um boletim interno na terça-feira, comunicando que em dezembro 1.400 funcionários temporários não terão seus contratos renovados e outros 2.200 serão impactados pela terceirização.

O presidente do sindicato, Moisés Selerges, avaliou como boa a participação dos trabalhadores na assembleia, que reuniu cerca de 6.000 pessoas.

"Foi positiva porque os trabalhadores demonstraram união, não importa se estão locados ou não nas áreas que a montadora quer negociar. E isso é fundamental para que a gente possa ir para a mesa de negociação respaldado por essa unidade", afirma.

As áreas que serão afetadas pelas demissões são: ferramentaria, manutenção, logística, laboratórios, fabricação de eixos e transmissões de caminhões médios.

Opinião similar para Sandro Vitoriano, coordenador da representação dos trabalhadores da Mercedes. Ele afirma que "está um clima bem desagradável, pesado, de incertezas, porque envolvem os sonhos dos trabalhadores que podem não se concretizar".

Para Moisés, "o que o trabalhador tem de mais importante é o emprego. Quando ele se sente ameaçado é natural que venha o receio com o futuro. Os trabalhadores querem previsibilidade das coisas, ter estabilidade para realizarem os seus projetos".

Sobre as expectativas para as negociações após a assembleia, Lucas Sanches, funcionário da empresa na parte de cabines de caminhões, torce para que ele tenha uma melhor sorte agora.

"Eu já era trabalhador da Ford, fiquei lá até o fechamento, minha expectativa é de que o sindicato realmente arrume um caminho para os trabalhadores. Sabemos que não é um momento fácil o que estamos passando, nunca é, mas temos esperança".

A reportagem questionou a Mercedes sobre o impacto financeiro desta paralisação para a empresa. A montadora apenas emitiu uma nota afirmando que "está iniciando negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, para discutir as medidas do seu plano de transformação das operações de caminhões e ônibus no Brasil que impactam seus colaboradores", e que vai "fazer todos os esforços possíveis para que se atinja uma solução negociada, sempre com transparência, respeito a todos os envolvidos".

Na próxima terça-feira deve ocorrer uma reunião entre as partes.




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