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‘Grito dos excluídos’ vai às ruas da região por garantia de direitos

Entidades da Igreja Católica e grupos sociais se uniram para reivindicar dignidade à população

Joyce Cunha
Do Diário do Grande ABC
08/09/2022 | 09:03
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Joyce Cunha


Moradia, trabalho digno, saúde, educação e a garantia de direitos. Essas foram algumas das reivindicações levadas ontem às ruas de Santo André no 28° Grito dos Excluídos e Excluídas no Grande ABC. Em uma data marcada, em todo o País, por manifestações do Bicentenário da Independência, entidades da Igreja Católica, grupos sociais e sindicatos da região caminharam da Igreja Matriz à Praça do Carmo com mensagens especialmente destinadas aos gestores públicos e aos candidatos que disputam as eleições de outubro.

Além da caminhada, os organizadores do ato elaboraram documento com propostas que será apresentado, após o pleito deste ano, aos candidatos eleitos, bem como às prefeituras e câmaras. Políticas públicas voltadas à preservação ambiental e à proteção da população em situação de rua integram a lista de demandas.

“O Grito dos Excluídos nasce diante do sentimento da população que se sente fora do progresso que o País conquistou ao longo de todos esses anos. Enquanto não incluirmos a todos, com igual dignidade, com igual respeito, não seremos plenamente uma Nação. Neste bicentenário, queremos olhar para aqueles que ainda estão às margens e dizer que o Brasil somente será grande quando olhar para todos”, afirmou o padre Ryan Holke, responsável pelo Vicariato Episcopal para a Caridade Social da Diocese de Santo André.

Antes de iniciar a caminhada, fieis participaram de missa da Igreja Matriz. Carta do bispo dom Pedro Carlos Cipollini foi lida ao final da celebração. O texto destacou a importância da mobilização e da participação de todos para mudar a realidade social do Brasil. “Para estabelecer a paz na sociedade é preciso a política. Uma política sadia, a verdadeira política, é arte de trabalhar pelo bem comum”, disse em trecho do documento.

POVOS ORIGINÁRIOS

Movimentos em defesa dos direitos dos povos indigenas participaram do ato. Chirley Pankará, 48 anos, da comunidade pankararu, originária de Pernambuco, vive há 24 anos em Mauá, no chamado contexto urbano.

“Estou aqui, nessa manhã fria, para dar nosso grito, dos povos indígenas, que são tão excluídos. São 522 anos desde a colonização do Brasil e nós estamos o tempo inteiro gritando por socorro. Nosso grito é pela mãe terra, pelos nossos corpos. Não damos o grito da Independência do País no qual não somos independentes. O movimento social se une neste Grito dos Excluídos justamente para reivindicar suas vozes, suas falas e direitos”. disse.

Nivia Pankararu, 19, que também tem sua origem na comunidade indígena pernambucana, mora em Santo André. “Nasci em contexto urbano. Meus pais nasceram na aldeia. Por conta de conflitos de terras, e também a seca no Nordeste, aconteceu a migração dos povos indígenas para São Paulo. Trago (para o ato) nossa resistência em contexto urbano. Por muito tempo os não-indígenas acharan que indígenas não poderiam ocupar determinados lugares. Estamos aqui gritando que podemos ocupar aldeias, cidades, universidades. E para falar que nós resistimos e que em todos os lugares que pisamos demarcamos a nossa presença”, explicou.

MONTANHÃO

Francisco Severiano dos Santos, 64, morador há 40 anos do Montanhão, em São Bernardo, levou sua luta ao Grito dos Excluídos. “A gente precisa de moradia digna”, contou o alagoano.

“Vim para São Paulo pensando que ia ter uma vida melhor, mas deu tudo errado. A gente não tem condições de pagar um aluguel, então tivemos que entrar na favela mesmo”, disse o morador, que relatou falta de diálogo por parte do Poder Público. “Estão querendo tirar a gente de lá, mas não falam onde vão colocar. Tudo que fiz na minha vida, trabalhando, foi pra fazer a casinha da gente’, concluiu.

A Prefeitura de São Bernardo afirmou, por meio de nota, que, de acordo com o Plano Municipal de Redução de Riscos, elaborado em parceria com a UFABC (Universidade Federal do ABC), por meio de convênio com o Ministério do Desenvolvimento Regional, a região do Montanhão está classificada pela Defesa Civil municipal como de risco muito alto para escorregamentos. “Porém, não há remoções previstas no local de imediato”, afirmou.




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