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'Morte e Vida Severina' é atração em palco do ABC
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
08/04/2002 | 18:52
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Três oportunidades para assistir a um clássico da literatura e do teatro brasileiros na versão do diretor Cícero Ferreira com o grupo Palácio das Artes. Há três sessões nesta terça (10h, 15h e 20h30), no Teatro Municipal de Mauá, de Morte e Vida Severina, o poema de João Cabral de Melo Neto musicado por Chico Buarque, e cuja montagem teatral de 1965, dirigida por Silnei Siqueira, é um marco.

“Procurei não fugir do original. Assim, montamos o texto integral, que mostra uma epopéia”, afirma Ferreira. A história fala de Severino, retirante que sai do sertão nordestino em busca de melhores condições de vida. “Mantivemos também os arranjos do Chico”, diz. A diferença está na movimentação mais dinâmica. “O jovem de hoje está acostumado com o videoclipe”, afirma.

A fim de acentuar a constatação de que as coisas não mudaram desde 1956, quando João Cabral publicou Morte e Vida Severina, Ferreira acrescentou a canção Vozes da Seca, de Luiz Gonzaga. Inevitavelmente, a peça toca na questão agrária. “A história é atual, a reforma agrária está parada e os governantes pouco têm feito a respeito”, afirma. A montagem, portanto, remete à causa social dos sem-terra.

Uma visão crítica sobre a indústria da seca e o coronelismo domina o espetáculo. “Esperamos contribuir para a formação de uma consciência crítica. Após o espetáculo haverá um debate para instigar uma discussão que desperte essa moçada acostumada ao consumo, tirá-la da passividade, estimular sua participação na sociedade”, diz Ferreira.

São oito pessoas no palco – os músicos também atuam e cantam. “A música é meio brechtiana, serve como narrativa e aguça a sensibilidade do público. O cenário, praticamente, é o palco nu. Há, como alegoria, um grande sol no fundo”, afirma Ferreira. Adereços e figurinos ficam pendurados em um varal. A maquiagem reforça a dureza da vida do retirante.




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