Economia Titulo Inversão
Diesel está R$ 1,62 mais caro que gasolina

Cotação do barril do petróleo e redução do percentual do ICMS explicam a diferença

Beatriz Mirelle
Especial para o Diário
24/08/2022 | 08:22
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Celso Luiz/DGABC


O consumidor que antes optava pelo diesel para economizar já não escolhe esse combustível com a mesma facilidade hoje. Após as contínuas altas da Petrobras, os cenários se inverteram e o litro do diesel chegou a ser vendido por R$ 8 no Brasil. Em junho, ele ultrapassou o valor da gasolina e não apresentou quedas tão significativas mesmo com os anúncios de reduções de pela estatal, que levam em consideração as cotações do barril de petróleo no mercado internacional.

Na bomba, o diesel está, em média, R$ 1,62 mais caro que a gasolina no Grande ABC. Os dados são do levantamento semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), que voltou a divulgar os preços nesta semana após um ataque cibernético que ocorreu no site em 04 de agosto.

Em relação à disparidade dos preços, a estipulação de teto do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço) sobre a gasolina teve influência, já que a cobrança da taxa estadual caiu de 25% para 18%, mas outro fenômeno está retendo as quedas.

“Leva um tempo até as quedas chegarem na bomba. Às vezes, a redução não é repassada totalmente. São os chamados ‘preços grudentos’. O valor aumenta, gruda e não descola. Então, quando tem uma retração, ele não cai na mesma quantidade”, pontua Rodrigo Leite, professor de Finanças e Controle Gerencial do COPPEAD/UFRJ (Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro).

O especialista ressalta que o diesel teve quatro aumentos ao longo deste ano. Esse contexto desperta incertezas dos investidores que, em uma eventual redução, acabam retendo os preços.

REDUÇÕES

A Petrobras anunciou quatro retrações nos preços dos combustíveis entre julho e agosto (duas para o diesel e duas para a gasolina). Na bomba, as expectativas eram que o valor da gasolina caísse R$ 0,35 e do diesel R$0,38 por litro.

Na semana de 10 e 16 de julho, antes da divulgação da primeira redução da Petrobras, o preço médio da gasolina era de R$ 5,94 na região. Agora está em R$ 5,37, que indica R$ 0,57 a menos.

Já o diesel custava, em média, R$ 7,26 no Grande ABC entre 31 de junho e 06 de agosto (semana anterior à primeira redução divulgada para esse combustível). Segundo a ANP, a atual média é de R$ 6,99, correspondendo a queda de R$ 0,27.

EFEITO CASCATA

O diesel é essencial para a cadeia transportadora no geral, seja para carretas, ônibus e caminhões. Dessa forma, as consequências dele estar mais caro que a gasolina são diversas. Além da mudança na bomba, os reajustes podem ser repassados, por exemplo, através do encarecimento do frete, que interfere em valores de revenda de alimentos, remédios, e roupas, por exemplo.

O engenheiro agrônomo da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), Fábio Vezzá De Benedetto, afirma que nenhum dos elos de produção está barato e os reflexos são nítidos nas prateleiras. “O transporte rodoviário é a base econômica. É inevitável que haja esse aumento do custo de produção. As altas ecoam tanto nos preços dos combustíveis e da energia elétrica para produzir quanto no valor da matéria-prima que é cotada em dólar”, comenta. 




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