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Kremlin defende direito de atacar terroristas do Afeganistao
Do Diário do Grande ABC
23/05/2000 | 14:59
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O Kremlin defendeu, nesta terça-feira, o direito da Rússia atacar os terroristas no Afeganistao devido ao apoio que dá aos rebeldes chechenos, apesar das críticas suscitadas por essa ameaça de intervençao.

Por outro lado, o ministro russo da defesa, Igor Sergueyev, informou da morte de pelo menos dez rebeldes na Chechênia nas últimas 48 horas.

Um ex-chefe da segurança chechena, Abu Movsayev, procurado pela justiça por sua participaçao na tomada de reféns de junho de 1995 em Budennovsk (Sul da Rússia), encontra-se entre os rebeldes mortos.

O presidente da Duma (câmara baixa do parlamento russo), Guennadi Seleznev, criticou as ameaças lançadas na véspera pelo conselheiro do Kremlin, Serguei Iastrjembski.

Iastrjembski apenas expressava ``seu próprio ponto de vista', disse Seleznev, que também é membro do conselho de segurança russo. ``Sobre um assunto semelhante, nao se expressa seu próprio ponto de vista', replicou Iastrjembski, remetendo aqueles que o criticam à nova doutrina militar russa, e lembrando que esta prevê o uso de armas convencionais e nucleares.

Para proteger os interesses da Rússia e de seus aliados na Asia Central ``nao é necessário levar a cabo combates terrestres' contra os talibas, acrescentou o conselheiro do Kremlin.

O general Viktor Kazantsev, comandante das forças russas no Cáucaso norte, deu igualmente seu apoio a eventuais ataques. ``E por que nao? (...) Se a peste vem de lá', informou a Itar-Tass.

As declaraçoes do assessor de Vladimir Putin também foram criticadas por Guennadi Ziuganov, chefe do Partido Comunista russo, a maior força do parlamento. Ziuganov disse que essas declaraçoes o "convencem cada vez mais de que as pessoas que entraram no Kremlin estao dispostas a guerrear contra todo o mundo, contra seu próprio povo e contra os Estados vizinhos'.

Um representante da oposiçao reformista, Alexei Arbatov, fez um apelo à prudência. ``Estados Unidos lançaram ataques contra Afeganistao e Sudao, e a comunidade internacional nao os condenaram. Rússia tem o direito de fazer o mesmo, mas isso pode acarretar um aumento do terrorismo na Rússia', advertiu.

Moscou acusa Ussama Ben Laden, número um da lista negra terrorista de Washington e refugiado no Afeganistao, de apoiar com homens e armas os rebeldes chechenos.

Iastrjembski se referiu a uma reuniao entre emissários do presidente checheno Aslan Maskhadov, Ben Laden e um representante dos talibas semana passada no norte do Afeganistao.

Os americanos bombardearam em 20 de agosto de 1998 seis campos no Afeganistao que supostamente abrigavam terroristas vinculados a Ben Laden, em represália pelos atentados contra as embaixadas dos EUA em Nairobi e Dar es Salaam em 7 de agosto de 1998 e que causaram 224 mortos.

``Dever internacionalista, 2ª parte', ironizou nesta terça-feira o jornal Kommersant, em clara alusao à guerra do Afeganistao (1979-1989) apresentada aos soldados russos como seu ``dever internacionalista'.

``Tempestade no deserto afegao', foi a manchete do Segodnia, prevendo que a luta contra o terrorismo afegao seria discutida na cúpula Putin-Clinton do início de junho em Moscou.

Os dois poderiam decidir uma ``divisao das tarefas', tendo Moscou o papel executor para eliminar Ben Laden, enquanto Washington se reservaria a propaganda a favor dessa intervençao, segundo o jornal.




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