A Monsanto do Brasil está lançando antecipadamente programas de seguro de preço de soja e milho para atrair produtores do Cerrado, mais conhecidas como operaçoes de "soja verde". As compras referem-se à safra que será plantada no segundo semestre deste ano e colhida a partir de março do ano que vem. Nessas operaçoes, o produtor adquire insumos, podendo pagá-los na safra diretamente com a entrega de parte da colheita. Normalmente, as operaçoes de venda de insumos para a safra de verao começam em fim de julho. "Mas este ano, diversas empresas estao mesmo começando agora", afirma Fernando Pimentel, gerente de commodities e securitizaçao da Monsanto.

Para ele, algumas condiçoes tornaram o mercado mais ativo este ano. "Basicamente, houve alguma melhora nos preços da soja e milho no cerrado, e com uma produtividade melhor da soja, há mais liquidez este ano", avalia. Ele admite também que os preços sinalizados por Chicago para a próxima safra geram certo otimismo para produtores. Os programas da Monsanto para milho e soja pretendem contemplar produtores do Triângulo Mineiro, Mato Grosso, Goiás, Barreiras (BA) e Sao Gabril do Oeste (MS).

A expectativa de Pimentel é de que dez mil produtores sejam atendidos pela iniciativa. No ano passado, quando a Monsanto ofereceu financiamentos semelhantes, a captaçao de produtores ficou em R$ 40 milhoes, dos quais R$ 32 milhoes para soja e o restante para o milho. A multinacional já definiu aporte para este ano, mas nao divulga "para nao dar colher-de-chá para a concorrência".

Milho - No caso do milho, a Monsanto pretende oferecer ao produtor um programa nos moldes das opçoes da Conab. Na compra dos herbicidas "Round-up WG" ou "Round-up Transorb", o produtor poderá fazer uma CPR e pagar em milho a um valor pré-fixado, desde que liquide a dívida em 15 de março. "Se o mercado estiver mais baixo, ele entrega a um distribuidor Monsanto, mas se estiver mais alto, ele pode vender seu milho no mercado e pagar em dinheiro", explica o gerente de commodities e securitizaçao da Monsanto.

Segundo Pimentel, este é o segundo ano em que a companhia utiliza esse sistema. "Nos vencimentos deste ano, as opçoes da Monsanto ficaram de R$ 0,30 a R$ 0,40/saca mais altas do que as operadas pela Conab", diz. "E o produtor ainda tem a vantagem de nao ter que pagar pelo prêmio." A Monsanto nao vai exigir aval do Banco do Brasil, considerado caro pelo mercado, mas vai liberar recursos de acordo com a capacidade de produçao de cada agricultor. "O produtor precisará confirmar a área em que vai produzir, e nao poderá financiar a mais do que a produçao compatível com essa área, porque este dinheiro estaria indo para agricultores que nao dispoem de crédito", explica Pimentel.

Soja - No caso da soja, a Monsanto oferecerá bônus aos produtores que saldarem seus compromissos na data correta. "Na verdade, estaremos disponibilizando recursos a nossos produtores para que façam esse procedimento, e cada um definirá sua tabela de acordo com a praça em que atua", explica Pimentel. Ele explicou que o bônus será concedido a partir de uma escala de preços definida previamente ao produtor. "Quanto mais baixo for o preço da soja na época da comercializaçao, maior o bônus que o produtor receberá em reais por saca, e quanto mais alto, menor será esse bônus." De acordo com Pimentel, a Monsanto está utilizando diversos mecanismos para definir os preços do milho e o aporte para a soja na próxima safra. "Além do hedge em bolsa de commodities, estamos utilizando desde mapas estatísticos até ferramentas como as CPRs oferecidas pela BM&F", explicou.