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Atleta de Mauá vence dificuldades e busca classificação para Austrália

Henrique Caetano Nascimento tem paralisia cerebral, deficiência que não o impede de sonhar com medalhas no Pan-Americano Paraolímpico

Pedro Lopes
Especial para o Diário
19/07/2022 | 08:13
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Celso Luiz/DGABC


Todo atleta tem uma história de vida, onde as dificuldades e superações ao longo dos anos se sobressaem de maneira genial. O caso de Henrique Caetano Nascimento, 23 anos e morador de Mauá, não é diferente. Com paralisia cerebral, mas sem se deixar intimidar por isso, ele mantém confiança de disputar o Pan-Americano Paraolímpico na Austrália e quer trazer para casa as premiações da competição, ainda sem data definida para início. “Penso muito que quem cria expectativas pode se frustrar, então tenho esperança de ir para lá e fazer uma classificação, e dependendo dela eu fico muito bem ranqueado no mundo. Hoje em dia eu estou na classe S10, nosso foco maior é ir para lá e voltar para a classe que eu tenho que estar, lá é meu objetivo maior, como atleta e competidor, vou para ganhar medalha”, prevê o jovem.

Diagnosticado com a deficiência desde muito cedo, ele ainda teve de enfrentar a rejeição por parte do pai. Mas engana-se quem pensa que as dificuldades impostas pela vida o fizeram desistir dos sonhos.

“Eu sou um erro médico do Hospital Nardini, de Mauá. O Nardini fechou temporariamente em 1998 e as macas ficaram todas para fora. Dia 11 de janeiro nasci. Minha mãe pegou maca enferrujada, o hospital demorava para fazer o parto e faltou oxigênio, o que deu a paralisia cerebral. O parto foi feito a fórceps e na hora de me tirar com o ferro, pegou todo o lado direito. Deu paralisia braquial. Machucou todo o meu rosto e o lado direito do meu corpo. Atrofiou meu braço direito e minha perna também ficou curta. Então minha mãe começou a brigar, foi atrás e processou Mauá. E até hoje não recebemos nada da cidade, nada do governo. Então minha mãe conseguiu me levar para a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), onde Deus colocou Edna Garcez nas nossas vidas.”

Edna, explica o jovem, é a chefe do esporte e foi ela quem mostrou-o a ele. “Apresentou a natação. Mesmo assim, na noite que tudo aconteceu o médico falou para a minha mãe que ela teve um filho aleijado, que não ia andar, não ia falar, mas pela honra e glória de Deus eu estou aqui falando.”

Com história de vida impressionante, o maior amor dele é pela mãe, Albertina, porque, revela, o pai não queria filho deficiente e abandonou-a com três filhos. “Minha mãe foi um anjo. Deus coloca mães nas nossas vidas para mostrar que tudo é possível, porque, no momento em que minha mãe mais precisou, meu pai falou: ‘Eu não quero filho aleijado’. Hoje eu queria que ele visse o que deixou para trás, para ver que minha mãe fez melhor que ele”, diz.

A primeira convocação de Henrique para a Seleção foi dia 11 de janeiro de 2018, coincidentemente mesmo dia de seu aniversário. O mauaense relata que recebeu o ‘presente’ do técnico Leonardo Tomasello. Mesmo sendo atleta de ponta, o salário de Henrique não condiz com sua grandeza no esporte. Recebe apenas bolsa-atleta do governo, no valor de R$ 925, que usa para ajudar no sustento da casa, bancar viagens internacionais e materiais para treinamento. Apesar de não possuir nenhum patrocínio, Henrique mantém a esperança e deixa recado a quem poderia patrociná-lo: “A porta que Deus abre ninguém fecha. A única coisa que posso falar é que aqui está um menino que desde criança luta pela sua história, é sonhador e cheio de objetivos. Aqui tem atleta que sempre vai dar seu máximo pelos sonhos e pela família.” 




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