O número é assustador. Quinhentas e cinco mulheres denunciaram casos de violência sofrida no Grande ABC nos seis primeiros meses de 2022. O dado, obtido pelo Diário no Disque 100, do governo federal, é um pouco maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram 494. Especialistas no assunto atribuem parte do aumento das notificações ao efeito das campanhas de combate e enfrentamento à violência de gênero, nas quais as sete cidades, organizadas sob o Consórcio Intermunicipal, têm se destacado.

A preocupação das administrações municipais no Grande ABC faz todo sentido. Episódios nefastos que vitimam mulheres precisam de pronta resposta das autoridades e também da sociedade civil organizada. Dos registros contabilizados nas sete cidades neste ano, segundo dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a imensa maioria dos casos envolve ameaça ou coação, calúnia, constrangimento, difamação, exposição, agressão, exposição de risco à saúde, lesão corporal e maus-tratos.

Violência contra a mulher é um dos crimes que mais depõe contra as sociedades em que ela é praticada. Insurgirse contra qualquer tipo de violação de direitos de gênero é uma imposição do avanço civilizatório. O que, diga-se, as sete cidades vêm fazendo com certa agilidade e competência. São elas mesmas que dizem.

Alessandra Teixeira, professora de políticas públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC), e Maria Aparecida da Silva, presidente do conselho gestor do programa Casa Abrigo do Consórcio, estabeleceram relação direta entre o crescimento das denúncias na região e a maior conscientização das mulheres que moram nas sete cidades. O caminho está certo, mas é preciso aprimorar as iniciativas. Especialmente por causa de outros dois dados alarmantes revelados pelas estatísticas: 51% dos casos de violações aconteceram diariamente e apenas 15% ocorreram uma única vez. Mulheres vítimas de agressões precisam ser afastadas de seus algozes e acolhidas. Gentil e imediatamente.