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FHC define esta 2ª nome do novo diretor da PF
Do Diário do Grande ABC
20/06/1999 | 18:03
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O presidente Fernando Henrique Cardoso define esta segunda-feira numa reuniao com o ministro da Justiça, Renan Calheiros, o nome do novo diretor-geral da Polícia Federal. O substituto do delegado aposentado Joao Batista Campelo, afastado do cargo na semana passada depois de ser envolvido em denúncias de tortura na década de 70, será escolhido da lista de nomes que vinham sendo analisados no Palácio do Planalto, desde a quinta-feira passada. Nessa data, Campelo prestou depoimento na Comissao de Direitos Humanos da Câmara e nao conseguiu apresentar explicaçoes convincentes sobre as acusaçoes de tortura feitas pelo ex-padre José Antônio Monteiro, que foi submetido a uma sessao de tortura na década de 70, no Maranhao.

Entre os cotados para ocupar o cargo estao o delegado Zulmar Pimentel e Paulo Magalhaes Pinto. O delegado Zulmar tem a preferência do ministro-chefe da Casa Militar, general Alberto Cardoso, por já ter presidido investigaçoes que resultaram na puniçao de dirigentes da PF ligados ao ex-diretor geral Vicente Chelotti, desafeto do general. Contra o nome de Zulmar pesa o fato de nunca ter ocupado um cargo de direçao e ter pouca ascendência sobre os demais colegas.

Já Paulo Magalhaes, atual superintendente da PF no Distrito Federal, tem a simpatia das entidades sindicais que representam os agentes e tem um perfil de delegado ligado ao combate do narcotráfico. Outro cotado é o general Newton Mousinho, que atua na Secretaria Nacional Antidrogas (Senad). O nome do general enfrenta uma dura resistência dos policiais. As entidades sindicais ligadas a agentes da Polícia Federal prometem reagir caso o governo indique um militar para substituir o delegado aposentado Joao Batista Campelo.

O temor da indicaçao de um militar para o cargo de diretor-geral se espalhou na categoria dos agentes logo que surgiram os primeiros rumores de que Campelo nao teria condiçoes de permanecer no comando da Polícia Federal. 'A soluçao militar é gasolina no incêndio``, comentou Francisco Garisto, diretor da Federaçao Nacional dos Policiais Federais.

Segundo Garisto, a indicaçao de um nome de fora dos quadros da PF provocará uma reaçao capaz de 'unir todos os grupos adversários dentro da polícia``. Garisto reconhece, porém, que o desgaste político provocado pelas acusaçoes contra Joao Batista Campelo também afetaram a imagem da Polícia Federal. 'O linchamento dele (Campelo) foi o linchamento da instituiçao``, disse.

A Associaçao Nacional dos Delegados, embora nao adote um discurso de confronto, também prefere que o governo escolha um policial para dirigir a PF. 'De preferência, seria bom que fosse escolhido um delegado``, disse o presidente da associaçao, delegado Bolivar Steinmetz. A entidade promete que nao se rebelará se o governo preferir um militar. 'Se vier um militar, temos que aceitar``, comentou, resignado, o delegado. Ele argumentou, no entanto, que existem bons nomes entre os delegados da PF. 'Aqui nao tem só bandido``, justificou, acrescentando que, apesar das denúncias do ex-padre José Antônio Monteiro, Campelo é um delegado que tinha uma ficha funcional de bons serviços prestados à polícia.




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