Lobinhos, escoteiros e pais trabalham lado a lado em atividades físicas e intelectuais
Sempre alerta! Este é o lema dos escoteiros. Seja para ajudar ao próximo ou cuidar de si mesmo quanto ao seu desenvolvimento e integridade. Mas o escotismo, movimento de educação não formal presente também no Grande ABC, vai muito além do conteúdo que recheia filmes e livros que retratam o dia a dia de representantes do grupo.
"Visamos contribuir para que o jovem se empodere e assuma o próprio desenvolvimento físico, intelectual, afetivo, social, espiritual e, principalmente, do caráter", explica o diretor-presidente do 207°Grupo Escoteiro de São Caetano, Edson Kawakami, 51 anos. "Temos objetivos educacionais definidos pela organização mundial, adotados aqui no Brasil e que nós aplicamos fielmente aqui", completa o líder.
Os escoteiros, contabiliza Kawakami, são cerca de 60 milhões no mundo, sendo 110 mil no Brasil, todos a seguir e a respeitar objetivos, princípios e valores que vigoram desde a criação do movimento, fundado em 1907 por Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, na Inglaterra.
Um dos grupos são-caetanenses têm sede no Parque Cidade das Crianças, em frente ao Teatro Paulo Machado de Carvalho. Camaradagem, iniciativa, coragem e autodisciplina são valores perseguidos durante as atividades.
As funções são separadas por idade. Os lobinhos, de 6 anos e meio a 10 anos e meio, acantonam, isto é pernoitam num local com toda infraestrutura e auxílio compatível com a idade, dentre outras atividades. "Sou lobinha da alcateia Lobo Cinzento", orgulha-se Lavinia Aparecida Michelon, 9. "O que aprendo aqui levo para a escola, onde ensino meus amigos. É bem legal. Aprendi que as pessoas são diferentes."
Lavinia revela que aprendeu, entre muitas outras coisas, a cuidar do meio ambiente, ouvindo histórias, participando de jogos e atuando em peças de teatro. Todas as atividades são acompanhadas pela mãe, a professora de biologia e ciências Karen Michelon da Cruz, 40, que tem uma outra filha Camila Aparecida, 13 no escotismo.
"Toda vez que sou questionada sobre (a participação das filhas no) grupos de escoteiro, inicio sempre com a mesma frase: foi a minha melhor decisão como mãe", conta Karen. "Quando iniciei minha jornada como mãe de lobinha tinha uma criança de 8 anos muito tímida, com medo de ser julgada. Lá, ela e a irmã desenvolveram habilidades diversas, criaram laços, fizeram amigos e hoje são seguras. Como mãe, já torci, me emocionei, já chorei sozinha e junto com elas."
Os escoteiros de 11 a 14 anos também fazem atividades culturais, voltadas a programas educativos e com objetivos educacionais. Os programas são realizados em equipes e patrulhas com um pouco mais de independência.Eles podem acampar, fazer estruturas no campo e cozinhar a própria comida.
É o caso de Fernando Porto, 12 anos, que faz parte do movimento há seis. "O grupo de escoteiros é uma grande família. Eu amo. O que mais gosto são a amizade, a união, a confiança. Fazemos muitas atividades e em todas aprendemos alguma coisa muito importante. Acampar, aprender a trabalhar em equipe e a se ajudar, estarmos juntos. Levamos os amigos escoteiros para a vida. Essa amizade é especial e o que aprendemos tentamos passar à frente. Lá eu posso ser eu mesmo, eles me respeitam mesmo com as minhas limitações", conta Fernando Porto,portador do espectro autista.
Fernando participa do mesmo grupo que o irmão Miguel, 16. A mãe dos irmãos é uma das chefes de seção (alcateia, dos lobinhos) e conta que a experiência mudou a vida de sua família. "Nós entramos no movimento escoteiro por causa do meu filho mais novo. Estávamos trabalhando na socialização dele e vimos a evolução dentro do movimento escoteiro. Posso dizer com bastante orgulho que o movimento mudou toda a nossa família. Primeiro entraram meus filhos; depois eu acabei entrando para ajudar. Por fim, meu marido também entrou e hoje somos uma família escoteira", conta Raquel Porto, 43.
Segundo Kawakami, os pais se dedicam muito ao escotismo. Eles abraçam atividades de apoio do movimento, como o auxílio na cozinha, na administração e até cuidando da lojinha. "As mães colocam o maior tesouro delas sobre a responsabilidade dos escoteiros; naturalmente o envolvimento vem", diz o diretor-presidente.
O 207° Grupo Escoteiro de São Caetano ainda tem vagas para escoteiros de 14 a 17 anos, considerados seniores, e de 18 a 21 ao atingir esta idade, os escoteiros passam a fazer parte da chefia, ficando à frente do processo. As atividades acontecem aos sábados, das 14h30 às 17h30.
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