Os comerciantes formais do Centro de Santo André receberam com receio a possibilidade de conviver novamente com ambulantes armando suas barracas nas calçadas das portas de suas lojas. Ver o passeio público ocupado outra vez pelos camelôs, que deixaram o local há pouco mais de um ano, é a maior preocupação.

"Não é questão de impedir as pessoas de trabalhar, pois todos têm esse direito. Porém, da forma como está, o Centro de Santo André é melhor hoje. O espaço determinado para camelôs é o Boulevard Itambé", afirmou Francisco Jacinto Cavalcante da Costa, 37 anos.

Trabalhando como gerente de uma lanchonete na Rua Bernardino de Campos há 15 anos, Costa se lembra de quando o local era ocupado pelos comerciantes informais, mas admite que não pode brigar contra o retorno.
"As calçadas estão livres e a cidade, mais organizada. Mas, se a Prefeitura entender que (os camelôs) devem voltar, o que podemos fazer?", questionou o gerente.

Outra comerciante formal da região, que preferiu não se identificar, afirmou que não gostaria de ver os ambulantes novamente em frente à estação da CPTM, na Praça Dezoito do Forte e no calçadão da Bernardino.
"Foi uma batalha tão grande para a Prefeitura conseguir tirá-los daqui. Não me parece coerente que eles voltem agora, depois de tão pouco tempo, ainda que a data seja festiva", ponderou a vendedora.

Trabalhando no Centro de Santo André há dois anos, a caixa Cibele de Souza Silva Aragão, 26 anos, não vê problema no retorno dos ambulantes. "Eu sei que alguns comerciantes não gostam, mas acredito até que eles poderão atrair mais público. Além disso, o bulevar não me parece um bom lugar", afirmou.

ACISA - Presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Sidnei Muneratti, informou que a entidade ainda não foi procurada, mas que não interferirá na negociação.

"Estamos desenvolvendo atividades de capacitação profissional com os permissionários do bulevar e fomos bem recebidos, mas nos deixamos fora de qualquer decisão política envolvendo a Prefeitura e os comerciantes sobre um local de trabalho para eles", afirmou Muneratti.