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Integrantes do MTST invadem terreno particular em Santo André

Donos entraram com pedido de reintegração de posse e aguardam a manifestação da Justiça

Da Redação
Do Diário do Grande ABC
27/04/2022 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC

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Integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) invadiram terreno particular localizado na Alameda Roger Adam, no bairro Campestre, em Santo André. Barracos abrigam cerca de 2.000 pessoas. A Justiça analisa processo de desocupação impetrado pelos próprietários, cujos nomes não foram divulgados. Policiais militares e guardas-civis municipais monitoram o acampamento desde sábado.

A equipe de reportagem do Diário esteve ontem à tarde na área. Entre os invasores, que batizaram a iniciativa com o nome da ativista mineira pela causa negra Lélia González (1935-1994), há crianças, idosos e pessoas com deficiência. Grande quantidade de lixo se acumula no local. Vizinhos ouvidos pelo jornal disseram estar preocupados com a possibilidade de mais pessoas chegarem ao endereço.

A Prefeitura de Santo André informou que “não está inerte” diante da invasão. “Ao contrário, tem proposto conversas com a comissão do movimento que organizou a ocupação, bem como os representantes dos proprietários como um canal facilitador para mediações de conflitos complexos como este”, detalhou, em nota.

A administração andreense declarou que o terreno invadido não é “o mais indicado para moradias”. Localizado próximo à Avenida Industrial, seu uso prioritário seria para indústria e comércio. A Prefeitura disse ainda que “possivelmente” a área está contaminada, em “decorrência do uso industrial anterior, o que poderia causar danos à saúde daqueles que estão ocupando, mesmo que indevidamente”.

Notificados pela Prefeitura, os proprietários do terreno entraram com pedido de reintegração de posse. Segundo informações do governo, o processo está em tramitação na 4ª Vara Cível de Santo André sem ordem de desocupação, “até o presente momento”.

Os invasores relatam que resolveram se instalar no local por não terem condições de custear outra forma de moradia. “Eu trabalhei a vida inteira e nunca consegui a casa própria. Hoje estou aqui, viúvo e sem ter para onde ir, a única alternativa foi morar aqui”, relatou Sandro Alves, 52 anos. As famílias dependem de doações para se manter.

Procupada pela reportagem, a coordenação do movimento não estava no local durante a tarde de ontem. Em postagem em rede social, o MTST disse que a invasão em Santo André “reforça o quanto milhares de famílias resistem diariamente por seus direitos e, em especial, pelo direito à moradia digna”.

A situação das famílias chamou a atenção de moradores da região. Alguns se solidarizaram com os invasores e foram até o terreno para doar alimentos. Foi o caso do professor Cláudio Sotera, 50. “Com toda essa miséria que assola o País, acho importante ajudar essas pessoas e tentar sanar o deficit habitacional.”




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