Economia Titulo Parada forçada
Mercedes para produção 15 dias por falta de peças

Montadora coloca 5.000 trabalhadores em férias coletivas; Scania e GM também tiveram de programar pausas

Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
05/04/2022 | 08:05
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Nilton Valentim/DGABC


A falta de componentes eletrônicos continua afetando a produção das montadoras de automóveis do Grande ABC. Ontem a Mercedes-Benz anunciou férias coletivas para 5.000 funcionários da planta de São Bernardo e mais 600 de Juiz de Fora, em Minas Gerais. A Scania programou três paradas para este mês e a General Motors, de São Caetano, dispensou os funcionários por um dia na última semana.

As férias coletivas da Mercedes serão entre os dias 18 de abril e 3 de maio. “Em razão da crise global de abastecimento de semicondutores, a Mercedes-Benz está ajustando sua produção de caminhões, chassis de ônibus e agregados (câmbios, motores e eixos) na fábrica de São Bernardo e de cabinas de caminhões em Juiz de Fora”, informou a montadora por meio de nota.

“A empresa reforça seu forte compromisso em atender aos clientes e tem adotado diversas alternativas junto à cadeia brasileira de suprimentos e ao grupo Daimler Truck mundialmente para enfrentar os desafios diários de abastecimento de peças, situação que afeta toda a indústria global”, complementa a montadora alemã.

Também para “ajustar a produção”, a Scania programou três interrupções em suas linhas neste mês. Os funcionários foram dispensados no dia 1º, ontem e também não irão trabalhar na próxima segunda-feira. “A fabricante segue tomando todas as medidas necessárias para voltar à situação normal em curto espaço de tempo, sempre alinhada com seus fornecedores e comprometida com as entregas para os clientes em primeiro lugar. A unidade comercial e a rede de concessionárias seguirão trabalhando normalmente”, informou por nota.

Na última semana a GM, de São Caetano, realizou um day-off na quinta-feira, também pela falta de componentes eletrônicos.

A expectativa das montadoras é que a partir do segundo semestre o fornecimento de semicondutores esteja regularizado. 

O coordenador de estudos do Observatório Econômico e professor do curso de ciências econômicas da Universidade Metodista, Sandro Maskio, entretanto, acredita que deverá demorar um pouco mais. “Não há no mundo hoje capacidade de produção de semicondutores na velocidade que a demanda exige. Então, a gente tem um clássico problema, que é a demanda maior do que oferta. E isso não tende a ser solucionado a curto prazo.”

Desde a retomada da produção, depois do período mais crítico da pandemia de Covid-19, todas as empresas automobilísticas sentiram a falta dos componentes e, em algum momento, tiveram de parar as suas linhas. De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), no ano passado 300 mil veículos deixaram de ser produzidos no País.


Sindicato teme impactos no 2º semestre e fala em falta de planejamento
Os fabricantes de veículos constantemente falam em melhora no fornecimento de chips a partir do segundo semestre. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entretanto, tem uma visão mais cautelosa sobre o assunto.

“Com isso, todo o processo de produção ficará parado neste período. Novamente haverá interrupção dos processos de contratações. Nossa apreensão é como ficará o cenário no segundo semestre com tantas incertezas”, afirmou o coordenador do comitê sindical na Mercedes-Benz, Sandro Vitoriano.

O diretor executivo do sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, destacou que o anuncio destas férias coletivas mostra a falta de planejamento e de debate por parte do governo federal sobre novas tecnologias, inovação e desenvolvimento.

“Esse é um debate antigo que estávamos fazendo no Brasil. Já sabíamos que precisávamos desenvolver alguma parte da cadeia de valor de semicondutores e o que o governo atual fez foi o desmonte do segmento no País. Agora estamos reféns, mais do que nunca, da importação dos semicondutores”, apontou.

“A falta de componentes leva ao colapso dos poucos setores que estão ‘em pé’ neste momento da economia. Um colapso, por falta de peças, é absurdo ao pensarmos na economia como um todo”, prosseguiu o dirigente sindica. 




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