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Pela primeira vez, PT de Santo André admite não lançar candidatos

Presidente do partido no município, Antônio Padre diz que estratégia para este ano será apoiar nomes de outras cidades do Grande ABC

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
28/03/2022 | 08:19
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Claudinei Plaza/DGABC


Em processo de encolhimento desde 2018, quando não conseguiu eleger nenhum deputado pela primeira vez, o PT de Santo André, presidido pelo ex-vereador Antônio Padre, admitiu não ter nomes para a disputa eleitoral que ocorrerá em outubro. Significa que, pela primeira vez, o partido não estará nas urnas pela corrida à Assembleia Legislativa ou à Câmara Federal.

Sem quadros de envergadura para disputar o pleito, o petismo de Santo André adotou estratégia de focar em apoiar outras candidaturas da região, principalmente em São Bernardo e Mauá. Padre avaliou que a ideia é atuar para impulsionar nomes que não sejam da cidade, mas que têm domicílio eleitoral no Grande ABC.

"Analisando a situação de uma candidatura regional, decidimos que o foco é no Grande ABC, foco em apoiar a região, as candidaturas não são propriamente de Santo André, mas que mantêm alguma ligação com a cidade", declarou Antônio Padre ao Diário.

Na cidade, o PT viu seu último deputado estadual amargar derrota em 2018, quando Luiz Turco (PT) tentou ser reeleito. Entre a eleição de 2014 e a de 2018, o exdeputado perdeu mais da metade dos votos, ou seja, Turco recebeu 78.670 adesões em 2014, enquanto quatro anos depois obteve apenas 33.368 sufrágios. Com a derrota, o PT de Santo André sentiu o golpe, já que Turco era cotado para ser o candidato ao Executivo da cidade em 2020.

A avaliação do momento atual do PT de Santo André feita por Antônio Padre expõe o período delicado que a sigla enfrenta. Ainda que a rejeição à legenda tenha arrefecido desde 2016, quando a presidente do País à época, Dilma Rousef (PT), enfrentou processo de cassação e perdeu o cargo, a agremiação sofre para se manter em condições de disputa no município.

"Nós tivemos uma dificuldade evidente. De cinco vereadores caímos para dois e perdemos a candidatura da Prefeitura (em 2020). Essas situações fazem com que haja uma mudança na escolha das candidaturas, temos nomes bons, como o Wagner Lima, por exemplo, mas não é o momento ainda", declarou Padre. Na última eleição municipal, o PT de Santo André assistiu a sua candidata, a exvereadora Bete Siraque (PT), receber apenas 7,3% dos votos. Atual prefeito da cidade, Paulo Serra (PSDB) venceu a disputa no primeiro turno, com 76,9% dos sufrágios.

Já na visão do vereador Wagner Lima (PT), um dos dois parlamentares eleitos pelo partido na cidade, o partido teve um início de ano "conturbado", o que dificultou o planejamento da legenda para encontrar nomes para disputar a eleição. "Fim do ano passado perdemos nossa sede, que foi a leilão. Não tínhamos nem lugar para nos estabelecer. Foi uma batalha nos reorganizar e começar a pensar nas eleições de 2022".

O parlamentar destaca que trabalhar de uma forma regional é também uma forma de olhar para o futuro. "Eleger uma bancada regional boa, estadual e federal, é um caminho para criar condições claras de ter liderança preparada para olhar Santo André mais à frente".

Último prefeito do PT na cidade e que não venceu a reeleição, em 2016, Carlos Grana, que agora vive no Guarujá, evitou entrar em polêmica. Grana também é exemplo da dificuldade que o PT de Santo André está vivendo. Em 2020, quando disputava eleição buscando cadeira de vereador, obteve apenas 1.666 votos. 




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