Economia Titulo Diferença
Em 5 anos, diesel sobe 91% e ônibus, 13,1%

Combustível passou de R$ 2,95 para R$ 5,65; passagem foi de R$ 4,20 a R$ 4.75 em Sto.André

Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
16/03/2022 | 00:03
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/ DGABC


O preço do diesel, combustível usado em veículos de transporte público e cargas, subiu 91,5% nos últimos cinco anos nos postos de Santo André. Em São Bernardo, no mesmo período, o valor cobrado nas bombas foi reajustado em 89%, segundo os números disponibilizados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Neste intervalo, a passagem de ônibus nas linhas municipais andreenses variou 13,1% e a são-bernardense ficou 21,5% mais cara. A inflação acumulada foi de 25,29%.

A tarifa municipal em Santo André em 2017 custava R$ 4,20 e o preço médio do diesel na época era R$ 2,95. Em 2019, quando ocorreu o último reajuste de preço, passou para R$ 4,75; já o combustível custava R$ 3,32 (valor praticado em todo o Estado de São Paulo). Na última semana, o preço médio em Santo André foi a R$ 5,65.

Em São Bernardo, a tarifa de ônibus em 2017 era de R$ 4,20 e, desde o início deste ano, os usuários pagam R$ 5,10. O diesel nos postos do município é vendido atualmente a R$ 5,57 (média), contra os R$ 3,32 de cinco anos atrás.

Com a política de preços da Petrobras, que atrela o valor do combustível com o preço do produto no mercado externo, houve períodos em que o diesel chegou a subir várias vezes na mesma semana. E isso compromete o setor de transportes, já que o diesel corresponde a praticamente 50% do custo de operação das empresas. Segundo representantes do segmento, não deveria passar da metade deste percentual.

Na última semana a Petrobras anunciou megarreajuste dos combustíveis e o diesel subiu 24,9%. No dia do aumento o diretor jurídico do Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do ABC, Francisco Bernardino Ferreira, afirmou que “o aumento no combustível impacta diretamente na receita das empresas”.

Um executivo da área afirmou que “a política de preços (dos combustíveis) fugiu dos parâmetros. Isso está deixando a atividade em uma situação cada vez mais crítica. E ainda temos de considerar a pandemia, que impactou muito o setor”. O mesmo dirigente sugere maior rigor sobre a oferta de gratuidades. Segundo ele, a cada quatro passageiros que utilizam o sistema de transporte, um viaja sem pagar pela passagem.

O economista Sandro Maskio afirma que o País hoje paga o preço por não ter investido na implantação de refinarias no passado. Com isso, compra o combustível no Exterior e fica sujeito à variação de preços do mercado internacional. Ele não vê boas perspectivas. “Vai haver pressão para aumento nos preços. A única forma de isso mudar é se a guerra entre Rússia e Ucrânia acabar e rapidamente ocorrer o aumento da oferta”, declara.

O governo federal estuda formas de diminuir os custos do diesel. Uma das possibilidades é a adoção de subsídios para reduzir os valores cobrados.

Bolsonaro afirma que a Patrobras baixará preços

Após renovar críticas à Petrobras por ter anunciado o reajuste dos combustíveis antes da aprovação, pelo Congresso, das mudanças no ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre diesel e gás de cozinha, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que a estatal “com toda a certeza” reduzirá os preços diante da queda na cotação de petróleo no mercado internacional.

“Estamos tendo notícias de que, nos últimos dias, o preço do petróleo lá fora tem caído bastante. A gente espera que a Petrobras acompanhe a queda de preço lá fora. Com toda certeza fará isso”, afirmou em cerimônia no Palácio do Planalto.

Mais tarde, Bolsonaro afirmou em entrevista à TV Ponta Negra, afiliada do SBT no Rio Grande do Norte, que o preço cobrado hoje pelos combustíveis nas bombas é “impagável”. “O barril do petróleo chegou a US$ 135 na semana passada, agora já caiu e está em US$ 100. A gente está esperando, inclusive, ter um retorno da Petrobras para rever esses preços que foram absurdamente majorados na semana passada”, disse.

Ele voltou a atacar a estatal dizendo que Petrobras não “colabora em nada” para baixar os preços.

JUSTIÇA

Depois de ser intimada pela Justiça a se manifestar em ação que questiona o aumento de combustíveis anunciado na semana passada, a Petrobras disse que a suspensão do reajuste poderá levar ao “desabastecimento” e ao “caos” no País.

A estatal protocolou ontem resposta no processo movido pelo CNTRC (Conselho Nacional de Transporte Rodoviário de Cargas), Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas e outros representantes da categoria na semana passada.

A ação pede que seja dada liminar contra o reajuste estabelecido pela Petrobras na semana passada de 18,8% na gasolina, 24,9% no diesel e 16,1% no gás de cozinha.

Na manifestação apresentada ontem, a Petrobras reforça que a política de preços dos combustíveis é feita em equilíbrio com os mercados globais e essa é uma condição fundamental para o funcionamento adequado do setor.

(do Estadão Conteúdo)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;