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VW revê demissões e greve termina
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
04/09/2006 | 23:14
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Os trabalhadores da fábrica Anchieta da Volkswagen do Brasil, em São Bernardo, suspenderam por uma semana a greve geral, deflagrada na última terça-feira - dia 29. Após reunião entre dirigentes sindicais e executivos da montadora segunda-feira pela manhã, metalúrgicos e empresa acordaram pela retomada das negociações sobre o plano de reestruturação da companhia no país. Em contrapartida, a Volks anunciou a suspensão das cartas de desligamento de 1,8 mil empregados.

A trégua, no entanto, não altera os planos da montadora para a planta Anchieta. “A Volkswagen reafirma a necessidade de adequação do seu quadro de pessoal em 3,6 mil pessoas nos próximos anos, porém está aberta para discutir as condições para sua realização”, disse, por meio de nota, o gerente-executivo de Relações Trabalhistas Corporativo, Nilton Junior.

A empresa - que deixou de produzir 5 mil carros no período da greve - ressalta também que o prazo para fechamento de acordo para a unidade se esgota na primeira quinzena deste mês. “Temos convicção de que precisamos chegar a um entendimento, pois, sem acordo, o futuro da Anchieta estará em risco”, afirma o executivo da Volks. Ainda neste mês a matriz da multinacional, em Wolfsburg, na Alemanha, define investimentos globais, mas condiciona novos produtos para a fábrica brasileira mediante a um acordo positivo na reestruturação.

Com a retomada das conversações, Volkswagen e Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) iniciam a terceira rodada de negociações. “Esperamos que a fábrica chame para negociação para valer e não apenas repetir as propostas que cansamos de ouvir”, diz o presidente do sindicato, José Lopez Feijóo. Desde o anúncio do plano de reestruturação das unidades brasileiras da Volks, em 3 de maio, sindicalistas e executivos já estiveram reunidos por quase 60 horas.

Os trabalhadores optaram também por suspender todos os atos programados para os próximos dias. Com isso, a manifestação nacional nas agências concessionárias da Volkswagen, organizada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) para quarta-feira, foi cancelada. No entanto, Feijóo destaca que o movimento pode ser retomado. “Podemos ter de recomeçar a luta com força e sem prazo.”

O presidente do Sindicato entoa ameaças de retomada da greve porque, segundo ele, em passado recente, a Volks quebrou diversos acordos com os trabalhadores. “Não tenho motivos para dar credibilidade à empresa como antigamente. Com outras empresas, o processo de negociação tem outro caráter”, avalia o sindicalista. Ele frisa que em negociação ambos os lados devem ganhar e perder.

Segundo o vice-presidente do Comitê Mundial de Trabalhadores da Volkswagen, Wagner Santana, o Wagnão, empresa e trabalhadores necessitaram estabelecer concessões para a retomada das negociações. “A empresa começou a acreditar que não estamos brincando. Ela acreditava que a greve não teria o efeito que teve. A única alteranativa à fábrica foi se movimentar para negociar”, diz o líder sindical do Grande ABC.

Sem extras – Os metalúrgicos da Volks deliberaram também pela suspensão de realização de horas extras durante o feriado da Independência a fim evitar a formação de estoques de veículos nos pátios da fábrica e das concessionárias. A proposta do sindicato é manter o feriado prolongado, com retorno de trabalho na segunda-feira. Na terça-feira, os trabalhadores avaliam em assembléia a conclusão das negociações entre sindicalistas e empresa.




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