Especialistas alertam que comemoração tem de ser moderada porque base de comparação foi baixa
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O PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil teve alta de 4,6% no último ano e recuperou as perdas de 2020 – apresentou retração de 3,9%. Este é o melhor desempenho desde 2010. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) afirma que houve crescimento de 0,5% no quarto trimestre de 2021, totalizando R$ 8,7 trilhões. O per capita encerrou em R$ 40.688, com avanço de 3,9% em comparação ao primeiro ano de pandemia, que teve queda de -4,6%.
O economista do Grupo Euro 17, Lúcio Flávio da Silva Freitas, docente do curso de ciências econômicas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), afirma que a recuperação pós-crise é uma semelhança nos cenários de 2010 e 2021. “Com a crise financeira do fim de 2008/2009 o PIB foi de 7% em 2010. Agora, com a pandemia, 4,6% em 2021. Esse crescimento se chama carregamento estatístico e acontece porque a base de comparação é pequena. Ou seja, o desafio maior começa agora, assumir uma trajetória consistente e duradoura de crescimento”, explica.
Sandro Maskio, coordenador de estudos do Observatório Econômico e professor do curso de ciências econômicas da Universidade Metodista de São Paulo, ressalta que 2020 foi uma base fraca de comparação, com queda de 3,9%. “Quando analisa-se essa sequência de anos, percebe-se que o índice atual cobriu as perdas e o real crescimento foi de 0,5%”, compara.
Os valores que impulsionaram o total do último ano foram os aumentos nas áreas de serviços (4,7%) e indústria (4,5%). Os dois somam 90% do PIB nacional, que é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país.
A agropecuária, que cresceu em 2020, teve queda de 0,2%. “O clima, com níveis de chuvas baixos, e dificuldade de acesso a insumos, como fertilizantes e adubação, em função do problema de logística de transporte internacional, afetaram negativamente esse setor”, diz Maskio.
Para este ano, antes da guerra entre Rússia e Ucrânia, a projeção era de retração de 1,1% para a indústria brasileira. Freitas explica que as desacelerações tanto na economia brasileira quanto na mundial justificam esse número. “A expectativa do Banco Central é que o PIB cresça 0,3% este ano. O governo não tem espaço fiscal para aumentar os gastos e a taxa de juros precisou subir para controlar a inflação. A pandemia causou a desarticulação de uma série de setores produtivos e mudou a característica da demanda. O impacto será para a economia global como um todo e restringe o crescimento.”
Freitas analisa que os desafios para a economia brasileira em 2022 envolvem a geração de empregos e a contenção da inflação. Além disso, Maskio reforça que a disputa eleitoral será determinante. “Será um momento de polarização. Isso traz muita incerteza, o que gera um desempenho negativo. O setor produtivo costuma ficar em espera para tecer estratégias e planejamento”, comenta.
Os efeitos da guerra serão observados com mais intensidade no segundo semestre, principalmente para o setor agropecuário, já que um dos principais fornecedores de fertilizantes para o Brasil é a Rússia.
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