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Brasil vota contra a Rússia no Conselho de Segurança da ONU

País foi a favor de resolução da entidade, que condena a invasão à Ucrânia, posição alinhada com Estados Unidos e União Europeia

26/02/2022 | 08:21
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Alan Santos/PR


O Brasil votou ontem a favor de um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que deplora a invasão russa da Ucrânia, no que parece ser uma tomada de posição do País com relação ao conflito, que vinha sendo cobrada pelos Estados Unidos e países europeus. A  Rússia vetou o projeto, enquanto China, Emirados Árabes e Índia se abstiveram da votação ­ um movimento que os países ocidentais veem como uma vitória por mostrar o isolamento internacional de Moscou. Espera-se agora que o projeto de resolução seja adotado pela Assembleia-Geral da ONU de 193 integrantes, cuja votação ainda não tem data para ocorrer

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, havia telefonado ontem para o chanceler brasileiro, Carlos França, para discutir sobre os ataques da Rússia à Ucrânia e a posição do governo sobre o conflito. Na véspera, a diplomacia norte-americana tinha manifestado o desejo de que o Brasil condenasse os ataques e asumise posição mais crítica sobre a ação militar desencadeada pelo presidente russo, Vladimir Putin.

"Qualquer declaração que condene as ações russas, como violações do direito internacional e da carta das Nações Unidas, ajuda e é bem-vinda. Um pedido de desescalada das hostilidades ao povo ucraniano e de retirada das tropas é um passo importante para todos os países", disse o atual chefe da diplomacia norte-americana em Brasília, Douglas Koneff."O Brasil é um país importante, tem assento no Conselho de Segurança. A voz do Brasil importa."

A mensagem fez parte do esforço de Washington para demonstrar força e união das demais nações democráticas contra os ataques da Rússia. O mesmo movimento de pressão sobre o governo brasileiro tem sido feito por embaixadores de países da Europa, que cobraram do Brasil posição mais clara a respeito da guerra.

O governo brasileiro disse somente que adota um tom de "equilíbrio" diante do conflito e vê os acontecimentos "com grande preocupação".

Na quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) desautorizou seu vice, Hamilton Mourão, que havia declarado que o Brasil não concorda com a invasão do território ucraniano. Em umatransmissão ao vivo, Bolsonaro não disse o que pensa a respeito da ação militar russa, mas destacou que "quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro".

A demora de Bolsonaro, que voltou de Moscou há poucos dias, em se posicionar de maneira mais veemente tinha motivações política e diplomática. Segundo assessores do presidente, ele não desejava fazer uma manifestação mais dura contra a Rússia isoladamente, mas o Planalto apoiaria resoluções em conjunto com outros países, em órgãos internacionais.

Na visita de Estado a Moscou, Bolsonaro exaltou semelhanças com o presidente Putin, bem-visto por sua base de apoiadores de direita, e afirmou que se "solidarizava" com a Rússia. Até ontem, a manifestação oficial do governo brasileiro tinha sido uma nota do Itamaraty. Fontes com conhecimento das conversas internas dizem que o governo buscava se equilibrar entre diversos interesses nacionais e pressões externas.

O comunicado da chancelaria, publicado mais cedo, deixou de fora o termo "condenar", usual na diplomacia. Mas o Itamaraty manifestou discordância ao citar que "acompanha com grave preocupação a deflagração de operações militares pela Federação da Rússia contra alvos no território da Ucrânia" e acrescentou que o Brasil "apela à suspensão imediata das hostilidades". 




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