Política Titulo Entrevista
Rodrigo Garcia reconhece a força política do Grande ABC

A dois meses de assumir o comando do Estado, o vice-governador tem os olhos voltados para a gestão

Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
30/01/2022 | 05:17
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Claudinei Plaza


A dois meses de assumir o comando do Estado, o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) tem os olhos voltados para a gestão e para o desafio das urnas em outubro. Em relação ao Grande ABC, reconhece a importância da região e o apoio conquistado de boa parte dos prefeitos. Nesta entrevista exclusiva ao Diário, Rodrigo Garcia falou sobre as ações do Estado para o Grande ABC e não deixou de citar as costuras políticas para ampliar o leque de aliados. O vice-governador ainda fez duas revelações em primeira mão: contou que as obras do BRT começam em fevereiro por São Bernardo e que o governo estadual vai voltar a fazer repasses ao Hospital Radamés Nardini, em Mauá. Ele ainda fez elogios ao prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), que está entre os nomes para ser seu vice, e disse esperar contar com o apoio do prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB).

Daqui a dois meses o sr. assume o comando do Estado, ainda sob o efeito da pandemia. O sr. acredita que saúde ainda vai ser o principal foco do poder público nos próximos meses?

Eu diria que saúde, cuidado com a população e a retomada do emprego e renda. A pandemia está nos deixando legado de maior privação social, aumento das desigualdades sociais e volta da pobreza. Eu não hesitarei em tomar as medidas para que a gente continue apoiando a população, seja em diminuir atrasos em cirurgias e consultas que não foram realizadas. Temos um trabalho forte a ser feito, um mutirão da saúde no Estado inteiro. Isso é prioridade absoluta. Mas temos que garantir a retomada do emprego, porque isso dará uma perspectiva de vida e futuro melhor.

Vai dar para aumentar o número de leitos estaduais no Grande ABC além dos 30 já anunciados no Hospital Mário Covas?

Vai dar para aumentar sim. Não vai faltar leito para quem precisar. Seja no Mário Covas (em Santo André), no Radamés Nardini (em Mauá) ou em outros hospitais da região que vamos buscar para cofinanciar. E isso vai nos deixar a oportunidade de reorganizar um pouco a questão da saúde no Grande ABC. Essa era a nossa ideia se não tivesse surgido a ômicron. Seja as ações no Mário Covas, as que fizemos em São Bernardo, seja no Nardini, que está apto em receber ajuda do Estado. Afirmo, em primeira mão, que o Estado vai apoiar o hospital. A gente ainda vai detalhar qual o valor que vamos conseguir repassar para realizar atendimentos pós-Covid, porque a gente acredita que ele é um hospital importante para o sistema de saúde do Grande ABC.

O que o sr. está dizendo é que o Nardini vai voltar a receber repasses do Estado?

Vai. Quanto e quando irei detalhar nas próximas semanas com nossa equipe de saúde. Só não estabelecemos agora por causa da chegada da variante ômicron.

Falando de mobilidade, o sr. disse recentemente que o BRT deve ser totalmente entregue em 2023 e que neste ano deverá ocorrer entregas pontuais. Qual a próxima ação que está prevista para a obra sair do papel?

O BRT começa suas obras em fevereiro, pela ampliação e revitalização do terminal de São Bernardo. Uma obra urbana, que passa por avenidas de Santo André, São Bernardo, São Caetano e São Paulo, tem uma série de intervenções urbanísticas que dependem de licenças ambientais do Estado e dos municípios. Optamos por uma forma mais célere e estamos fazendo o licenciamento fracionado. Com isso, o BRT-ABC começa oficialmente já em fevereiro por São Bernardo. Outras frentes serão abertas nos terminais de São Paulo e Santo André, mas a que está mais rápida é a do terminal de São Bernardo.

Quando tempo deve durar a parte no terminal de São Bernardo?

De quatro a cinco meses. Esperamos que até julho esteja pronta. Ao longo dos próximos 18 meses, a partir do início, o BRT tem que estar pronto. No fim de 2023 o BRT será uma realidade. Ainda é possível outros trechos em 2022 para que a gente possa fazer as entregas parciais. Não vamos esperar a obra inteira. Se tiver sentido a gente entregar uma saída e uma chegada, como um trecho entre São Bernardo e Santo André, a gente libera até o fim do ano. Não há razão para esperar.

Sobre educação, o sr. acha que é possível voltar às aulas com segurança no modelo presencial a partir de fevereiro?

Não tenho dúvida que é possível, porque a vacina mostrou ser eficaz. Nós precisamos entender que vamos conviver com a pandemia, de maneira segura. As crianças ficaram praticamente dois anos sem aulas presenciais. A gente sabe que a defasagem de aprendizado neste período pode comprometer uma geração. O Estado vai fazer todo o esforço para garantir aulas com segurança. É isso que faremos a partir do dia 2. Não podemos parar nossas vidas. Não se enfrenta mais com quarentena e isolamento social. Se enfrenta com a vacina.

O sr. tem se aproximado muito do prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), que apoiou Eduardo Leite nas prévias do partido. O sr. pretende contar com ele em sua campanha?

Sempre tivemos uma grande relação política, e nunca houve distanciamento nem perda de respeito. Ele fez uma escolha de candidato a presidente pelo nosso partido e eu fiz outra. O meu candidato venceu e que é agora o candidato dele e de todos os tucanos do Brasil. O Paulo faz uma grande gestão em Santo André e tem o meu respeito e do governador João Doria. E vai continuar contando não só com nossa amizade e admiração, mas com a parceria com a cidade. Não tenho nenhuma dúvida de que ele estará conosco nos desafios de outubro. Acredito e conto com o apoio dele na minha eleição.

O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), é um nome para ser seu vice?

É um grande prefeito e tem qualidades para assumir qualquer cargo público no Brasil. A composição de chapa é feita próximo à convenção. O candidato a governador está escolhido porque o PSDB fez uma prévia, eu me inscrevi e fui homologado. Os outros cargos sairão em uma decisão mais adiante.

Mas o nome dele está colocado?

Orlando tem um grande preparo, governa uma das cidades mais importantes do Brasil e está qualificado para qualquer cargo. Tem postura e conhecimento para isso. Eu fui escolhido vice do Doria em junho de 2018. Vai ser em junho? Não sei. Mas ainda depende de vários fatores.

O sr. é favorável a abrir a chapa para outros partidos?

Eu me elegi vice-governador assim (Rodrigo era filiado ao DEM). É natural, em um momento de pulverização partidária, que seja possível conciliar vários interesses de partidos de uma mesma coligação. Não há problema para mim em ter um companheiro de chapa de outro partido.

O sr. esteve na cerimônia de posse do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), e reforçou a grande experiência dele na gestão pública. Como o sr. vê a força política do Grande ABC?

Não só o que ela representa de votos, mas o que representa na história do berço da indústria brasileira, da contribuição que o Grande ABC deu ao Estado. Fico muito feliz de contar com apoio de grande parte dos prefeitos da região. Isso me dá possibilidade de avançar, do ponto de vista eleitoral, e me dá um compromisso ainda maior com a região.

O deputado estadual Campos Machado (Avante) disse recentemente, em entrevista ao Diário, que após a desistência de Geraldo Alckmin em disputar o governo, irá apoiar seu nome na eleição. Como o sr. recebeu esse apoio?

Eu fiquei muito feliz com o apoio do Campos Machado, que é um antigo amigo. Quando cheguei na Assembleia Legislativa, em 1999, ele já estava e como líder de partido. O apoio dele faz a diferença pela capilaridade que ele tem no Estado inteiro. Fiquei muito animado.

Como o sr. viu a movimentação de Geraldo Alckmin, que saiu do PSDB e deve ser candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)?

Respeito o governador Alckmin, mas eu não faria essa mudança. É uma decisão dele. Alguns acham que vale tudo contra determinados projetos. No caso, contra Jair Bolsonaro. Eu não penso assim. Não penso que para resolver os problemas do Brasil o Lula precisa ser presidente da República. Eu acredito na terceira via. O vale-tudo contra o Bolsonaro para mim é viabilizar a terceira via. Respeito, mas não concordo com a decisão tomada por Geraldo Alckmin.




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