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Piloto são-caetanense desbrava o automobilismo

Luciane Klai, 41 anos, se prepara para disputa das Mil Milhas, em janeiro, em Interlagos, com equipe 100% feminina

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
26/12/2021 | 00:05
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André Henriques/ DGABC


Se lugar de mulher é onde ela quiser, as pistas de corrida estão inclusas nesse pacote de possibilidades e, aliás, é onde a são-caetanense Luciane Klai, 41 anos, se sente melhor. Apesar de trabalhar com equipamentos de imagem hospitalar, é quando ela prende os cabelos louros, coloca macacão, luvas e capacete e está a bordo de seu Voyage cor-de-rosa adaptado que alcança a plena satisfação. Nesta semana, inclusive, ela estará no autódromo de Interlagos treinando para o primeiro desafio de 2022: as Mil Milhas Chevrolet Absoluta, em 23 de janeiro, em equipe formada por ela e duas outras pilotos, Patrícia Sobrinho e Fátima Escaleira. Na edição de 2021, a competidora do Grande ABC ficou na segunda colocação, em trio composto por ela, Renata Camargo e Fernanda Aniceto, pela M.I Motors Performance. “Em 2022 queria só correr, me dedicar somente ao automobilismo, essa é minha ambição”, confessa.

Esta primeira corrida da temporada integra o calendário de aniversário da cidade de São Paulo, tem grid estimado de 65 carros e a largada está marcada para meia-noite de sábado. E Lu Klai, como é conhecida, diz ter “três apelos diferentes” para esta prova de janeiro. “Primeiro, temos uma equipe só de meninas em um mundo totalmente machista; segundo, faremos um desafio mulheres contra, porque nossos maridos vão correr em outro carro; terceiro, que estamos com um carro modesto e tem equipe gastando em pneus o que eu vou gastar para fazer a corrida toda. O que meu orçamento permite é o Voyage, então vou de Voyage mesmo”, crava.

A piloto confidenciou que rosa não é sua cor preferida. No entanto, utilizar um carro com esta pintura tem um significado especial. “Homem não gosta de perder para homem, para mulher menos ainda. Nem gosto de rosa, só uso rosa para esfregar o rosa na cara deles. Quando veem o rosa passando…”, diverte-se a piloto, que na semana passada remodelou a pintura do carro e no capô estampou um grande brasão da cidade de São Caetano. “Orgulho de ser a primeira piloto são-caetanense”, publicou em suas redes sociais.

DNA

O automobilismo praticamente entrou no sangue de Luciane desde sua juventude. Quando criança, ia ao autódromo com o pai para assistir a corridas nas arquibancadas. Numa dessas idas, em 1991, ela questionou por que ele não corria. No ano seguinte, lá estava ele guiando nas pistas, onde permaneceu até 1997. Frequentando este ambiente que Lu Klai conheceu o namorado – atualmente marido –, Carlos Marcelo, que também é piloto a bordo de um Fusca.

Em 2016, prestes a realizar uma cirurgia delicada, a são-caetanense teve um estalo: “Se eu morrer, nunca acelerei”. Foi então que fez seu primeiro track day, com o carro do irmão. “Depois disso fiz a cirurgia e não morri. Então decidi montar meu próprio carro”, recorda. A partir dali começava sua trajetória no automobilismo. “Baixou a viseira, prepara que vai. Duas certezas temos: uma que pode quebrar, outra que pode bater. Se vai ganhar, não temos certeza.”

Em 2017, Lu Klai fez um track day em Minas Gerais. Já em 2018, durante corrida em Interlagos, se envolveu em acidente no ‘S’ do Senna e teve de reconstruir o carro, voltando à ativa só em 2019, quando aí sim disputou a temporada completa, sendo vice-campeã, feito que repetiu em 2020. 

Em 2021, a piloto criou uma categoria apenas para mulheres e, para se dedicar à organização, deixou as próprias corridas um pouco de lado. “Mulheres têm medo de entrar com os malucos, dá receio. Então fizemos regulamento legal, de entrada, para que possa iniciar no automobilismo com tranquilidade”, justifica. Mas, no ano que vem, pretende acelerar com tudo novamente, encarar desafios, buscar pódios, troféus e sorrisos.




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