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FHC quer revoluçao gerencial no governo
Do Diário do Grande ABC
09/01/1999 | 20:09
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O presidente Fernando Henrique Cardoso quer que os ministros do segundo mandato promovam uma revoluçao gerencial no governo. Com poucos recursos para gastar, o desempenho dos ministros passará a ser medido por Fernando Henrique pela capacidade que cada um tiver de fazer mais com as verbas disponíveis. O presidente nao quer seus ministros acomodados, brigando por mais recursos no Orçamento, e nao pretende aceitar a falta de dinheiro como desculpa para que nao sejam alcançadas as metas do programa de governo.  

Coube ao ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil) transmitir o recado do presidente em reuniao ministerial anteontem. "O chefe da Casa Civil alertou que os ministros nao devem ir para o Congresso com o objetivo de aumentar seus recursos tirando dinheiro dos ministérios de seus colegas", relatou um ministro.

O Ministério do Planejamento reduziu recursos de todas as pastas e o governo quer evitar que os ministros que têm maior articulaçao parlamentar no Congresso usem este poder para remanejar as verbas a seu favor na discussao pelo Congresso do Orçamento da Uniao para este ano. 

 O chefe da Casa Civil, que assumiu muitas responsabilidades da extinta Secretaria Geral da Presidência, disse aos colegas de ministério que todos terao de trabalhar em bases realistas e nao devem sonhar com o aumento de gastos setoriais por meio de aprovaçao, ao longo do ano, de créditos suplementares ou especiais.  "Nós transformamos o Estado produtivo em um Estado regulador e fiscalizador. Temos como tarefa agora prosseguir a reforma do Estado fazendo uma revoluçao gerencial no setor público", disse Carvalho.

Adotando o estilo gerente de vendas, ele convocou os ministros "a identificar o público-alvo de cada um dos programas de suas pastas e, nas açoes de governo, verificar se estao satisfazendo os usuários".  Carvalho também pregou que é indispensável converter a burocracia estatal a novas práticas gerenciais. Em seu discurso, argumentou que, depois de ter sido reformada a estrutura do Estado brasileiro, no primeiro mandato, o governo teria de enfrentar a fase mais complexa das mudanças: a de reformar o Estado por dentro da estrutura, mudando suas práticas administrativas. 

 "Nosso objetivo é passar de uma administraçao que controla formalmente os procedimentos para uma administraçao de resultados", afirmou o ministro, segundo integrante do governo. Para auxiliar nesta tarefa, Clóvis informou que a Secretaria de Gestao, do Ministério de Orçamento e Gestao, tem como principal funçao fornecer subsídios para transformar as práticas gerenciais do governo em nome da "satisfaçao do cliente".  A advertência de Clóvis Carvalho contra as disputas por recursos entre ministros também tem razoes de natureza política. Os líderes aliados avaliam que a açao dos ministros para ampliar os gastos de suas pastas poderá tumultuar a convocaçao extraordinária do Congresso, feita com o objetivo de votar o ajuste fiscal. Além disso, o governo nao quer dar demonstraçao de articulaçao e divisao interna num momento em que sua credibilidade está em jogo na comunidade financeira internacional.




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