Deputado federal, que está focado na reeleição, trabalha para partido apoiar ex-juiz da Lava Jato
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o então juiz Sergio Moro tiveram um embate em maio de 2017, na sede do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) em Curitiba, quando o petista depôs sobre o caso triplex. Lula foi preso em abril de 2018 pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O petista foi solto em novembro de 2019 por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Já em abril deste ano, a corte anulou as condenações ao considerar que Moro atuou em prejuízo a Lula no julgamento do processo. As eleições presidenciais do ano que vem agora devem resgatar esse confronto entre os dois atores políticos. Essa é, ao menos, a previsão do deputado federal Alex Manente (Cidadania), que possui domicílio eleitoral em São Bernardo e é aliado do ex-juiz.
Moro se filiou ao Podemos em novembro e é cotado como candidato à Presidência da República nas eleições do ano que vem. Para Manente, o ex-juiz representa um sentimento que ainda vive na população e em um eleitorado que se considera órfão do presidente Jair Bolsonaro (PL). “Ele é um símbolo do que foi a eleição de 2018, onde a população conclamava por um nome que representasse mudança de concepções de enxergar o Estado. Bolsonaro venceu a eleição com esse discurso e muito desse discurso não foi feito”, defendeu o deputado, hoje focado também na disputa reeleição ao mandato parlamentar.
Para Manente, os presidenciáveis João Doria (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) não seriam capazes de representar a população que deseja uma terceira via entre Lula e Bolsonaro. Moro deve sair na frente por ser personagem marcante na história da República. “Não tem como você tirar dele o protagonismo de ter colocado, pela primeira vez, um ex-presidente na cadeia.”
O político acredita que o eleitorado pode ter uma opinião diferente do STF e entender que Moro agiu de maneira correta no julgamento do caso triplex. A corte entendeu que o ex-juiz agiu em benefício do MPF (Ministério Público Federal), com o qual manteve diálogo constante durante o processo, para favorecer a condenação do petista. “É ótimo que o eleitor também tenha a oportunidade de passar essa história a limpo. Por isso acredito que é possível haver uma polarização entre Lula e Moro”, prevê.
TRAMITAÇÃO
O deputado também conta com o auxílio de Moro para levar a frente uma de suas propostas legislativas. Trata-se da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 199/2019, conhecida como “PEC da 2ª Instância”. A proposta foi apresentada em 2019, em meio à expectativa em torno do julgamento do STF que decidiu pela soltura de Lula. A decisão foi de que o petista só poderia ser preso após esgotados todos os seus recursos. A PEC altera a Constituição para autorizar a prisão após a condenação em 2ª instância, ainda que haja possibilidade de contestação na Justiça. Lula não corre o risco de retornar à prisão após o julgamento de Moro ter sido anulado, mas a PEC segue viva na Câmara dos Deputados.
Na semana passada, partidos contrários à proposta trocaram 17 dos 34 integrantes da comissão especial criada para analisar o texto. “Não vejo outra perspectiva de ter a PEC da 2ª Instância aprovada se não for através do Moro. Ele, eleito presidente, um dos principais pontos será a PEC, o que não enxergo como prioridade em nenhum dos outros candidatos”, avalia.
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