A aplicação da lei municipal que obriga os bares de Diadema a fechar às 23h diminuiu os casos de agressão a mulheres na cidade, segundo a Prefeitura. De acordo com a direção da Casa Beth Lobo, órgão que presta assistência a moradoras vítimas de maus-tratos, a lei seca reduziu em cerca de 30% o número de atendimentos diários, desde que a fiscalização em bares passou a acontecer, no dia 15 do mês passado.

Até a implementação da lei, a Casa Beth Lobo atendia 12 mulheres por dia, em média. Agora são oito atendimentos diários.

“Caiu bastante o número de atendimentos, sobretudo nas segundas-feiras, o dia em que há maior procura”, afirmou a coordenadora do órgão, Analdeci Moreira dos Santos. A explicação é que alguns maridos que tinham no álcool a principal diversão dos sábados e domingos deixaram de freqüentar bares até tarde da noite e de espancar suas mulheres.

Criada há dez anos, a Casa Beth Lobo – o nome foi inspirado em uma feminista morta em Alagoas, em 1991 – presta assistência psicológica, jurídica e material às vítimas de agressão. Seis mil mulheres passaram pela Casa desde que foi criada.

Atualmente, auxilia 390 mulheres vítimas de maus-tratos. A partir desta segunda-feira, serão ampliadas de 120 para 260 as oficinas de artesanato mantidas pelo órgão, que permitem às participantes desenvolver uma fonte de renda.

As oficinas acontecem em sociedades de amigos de bairro, associações de mães e escolas espalhadas pela cidade, como na Vila Olinda e favela Santa Cândida. São aulas que incluem bordado, confecção de bolsas, almofadas e cestos.

De acordo com o órgão, predominam nas oficinas donas de casa entre 30 e 40 anos. As aulas acontecem uma vez por semana para cada turma, de 20 mulheres, em média.

“As atividades foram interrompidas durante o mês de julho, devido às férias escolares. Nessa época, as mulheres acabam ficando em casa com os filhos e não comparecem às oficinas”, disse Analdeci.

Segundo a diretora do Departamento de Ação Social da Prefeitura, Cormarie Guimarães Perez, as oficinas se integram a outras atividades mantidas pela casa, como palestras sobre saúde e educação.

Maridos – Além da reabertura das oficinas, será lançado nesta segunda o projeto Masculinidade e Cidadania. O objetivo é atrair homens para a questão da prevenção da violência doméstica e cidadania. “Iremos também trabalhar com palestras sobre saúde, incluindo prevenção às Doenças Sexualmente Transmissíveis”, disse Cormarie.