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Saramago elogia revoluçao cubana
Do Diário do Grande ABC
05/01/1999 | 16:27
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Um grupo de intelectuais ibero-americanos esquerdistas, entre eles dois prêmios Nobel de Literatura, manifestou durante os últimos dias em Cuba apoio à revoluçao de Fidel Castro, o que nao se via desde a década de 60. Mensagens de adesao e de estímulo saíram da Oficina Cultura e Revoluçao 40 anos após 1959, à qual compareceram em Havana 30 escritores e artistas ibero-americanos, cujas opinioes sao publicadas pela imprensa local.  

O último Nobel de Literatura 1998, o português José Saramago, o uruguaio Mario Benedetti e o brasileiro Thiago de Mello, entre outros, deram nesta segunda no encontro seu apoio ao processo cubano. Saramago chegou ao auge inclusive de se proclamar ``cubano', ao assinalar que ``se pode ser cubano sem ter nascido em Cuba e nesse sentido eu sou cubano'.  

Benedetti enviou à oficina, que termina nesta terça, uma mensagem na qual expressou seu desejo de que a ``revoluçao, que é também nossa, prossiga, apesar dos bloqueios e outras agressoes, consolidando-se como a açao e a força antimperialista e esclarecedora deste continente e deste século'. Thiago de Mello afirmou que a revoluçao cubana é ``o acontecimento mais importante do século'.  

Observadores em Havana lembram que uma adesao assim, em grupo e na capital da ilha comunista, nao ocorria desde a década de 60, quando numerosos intelectuais se manifestaram a favor da revoluçao cubana, também sob os auspícios da Casa de las Américas.  

Depois dos anos 60, nos quais uma parte da intelectualidade se afastou do processo cubano, as expressoes de apoio se davam de maneira individual e foram se diluindo sobretudo no início da década de 90 com o colapso do bloco comunista europeu e quando a ilha ficou praticamente sozinha.  

Os elogios nestes dias, com os 40 anos da revoluçao, nao pararam no processo mas se estenderam ao seu líder, Fidel Castro.  

Depois da comemoraçao do 40º aniversário do triunfo da guerrilha de Fidel, o Nobel colombiano Gabriel García Márquez afirmou em Santiago de Cuba que ``com Fidel me descobri surpreso: a cada dia estamos mais fortes. O que mais me chamou a atençao em seu discurso, e o que menos se nota, é que é um grande escritor'.  ``Se há uma possibilidade de que o ser humano seja verdadeiramente ser humano, essa possibilidade está aqui e o que ouvi de Fidel Castro o mostra clarísssimo', disse por sua vez Saramago, que contudo assinalou que Fidel nem sempre tem razao. ``O sabemos, há problemas em Cuba. Mas os problemas de Cuba, Cuba os resolverá. No bom rumo sempre, com todas suas contradiçoes, suas tensoes internas, seus problemas', afirmou.  

Saramago disse que o que mais particulariza Cuba no mundo de hoje é o ``seu rechaço ao esquecimento'. Ele alegou que a maior parte do planeta vive ``uma embriaguez da modernidade que extingue o passado' e que no caso de Cuba, ao contrário, há uma cubanidade ``que se desloca no tempo, que se move na história, mas seu conteúdo, seu núcleo, se mantém intato'.




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