Quer encontrar o presidente Lula, algum dos seus ministros ou outro integrante do governo? Procure em São Bernardo ou nas cidades vizinhas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou na última sexta-feira sua quarta visita oficial ao Grande ABC em pouco mais do que cinco meses de governo, descontadas as oportunidades em que esteve em seu apartamento de São Bernardo em caráter particular. A República do ABC não decorre apenas das freqüentes visitas oficiais do presidente, mas também por causa da afluência de personalidades do primeiro escalão do governo. Além dos ministros que integraram as comitivas do presidente, a região recebeu a visita de ministros em pelo menos sete ocasiões. E mais uma já está confirmada.

No próximo dia 9, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, visitará o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para tratar de um conjunto de pelo menos oito reivindicações que os prefeitos intitularam Carta do ABC. O ministro das Cidades, Olívio Dutra, esteve na mesma instituição no último dia 15 de abril e aceitou o convite para participar da mesa de discussão dos prefeitos e do governador – a Câmara Regional.

Na última semana, além dos ministros que integraram a comitiva de Lula na visita à Ford, houve duas visitas independentes de integrantes do primeiro escalão do governo. O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, visitou a Uniban, em São Bernardo, para tratar de temas como a transferência do Centro de Detenção Provisória do Centro para a periferia da cidade e da regularização de favelas em áreas de mananciais. O ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, fez uma palestra sobre as reformas no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

Na semana anterior, Matilde Ribeiro, ministra da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial esteve em Diadema e Mauá. E o ministro José Graziano (Segurança Alimentar e Combate à Fome) foi ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O ministro do Trabalho Jaques Wagner visitou a região pelo menos duas vezes: em 24 de março, quando esteve na Pirelli, em Santo André, e em 8 de maio, quando lançou a campanha Carteira Assinada do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, esteve em Santo André, no dia 14 de março, para receber a carteira de associado de número 1 milhão da Coop. Até agora ficou público apenas o furo da ministra Emília Fernandes, da Secretaria dos Direitos da Mulher, que faltou a uma palestra em Rio Grande da Serra.

As visitas do presidente Lula às fábricas da DaimlerChrysler, Volkswagen e Ford são promessas feitas durante a campanha e o cumprimento de sonhos acalentados durante as duas décadas de construção do PT. Lula ficou emocionado quando abraçou Armando Fagundes Filho, seu colega de trabalho na Villares. Mas as visitas do presidente têm significado algo mais do que apenas sentimentalismos. Na Ford, o presidente mostrou à diretoria mundial da empresa sua preocupação com investimentos na fábrica de São Bernardo e reativou uma discussão que estava parada, segundo o coordenador da comissão de fábrica, Rafael Marques Júnior.

O sindicalista afirmou que a palavra do presidente foi determinante para convencer a Volkswagen a investir na unidade Anchieta para produzir o modelo Tupi para exportação, embora os trabalhadores tenham contribuído para o acordo ao aceitar a proposta de terceirização colocada pela empresa como pré-requisito para qualquer negociação. O Brasil disputava o investimento com Portugal, Espanha e Eslováquia. Lula visitou a Volkswagen no dia 24 de março, conheceu o projeto e fez o apelo ao presidente mundial da empresa, Bernd Pischetsrieder. No dia 14 de abril, a matriz anunciou o investimento. Agora, Marques Júnior espera que o pedido de Lula ao presidente da Ford América do Sul, Richard Canny, surta o mesmo efeito.