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Governo pretende revitalizar o Pró-Alcool
Do Diário do Grande ABC
28/03/1999 | 17:19
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O secretário estadual do Emprego e das Relaçoes do Trabalho, Walter Barelli, anunciou que o governo Mário Covas (PSDB) vai fazer o que estiver a seu alcance para revitalizar o Pró-Alcool, a fim de aumentar a produçao de álcool combustível nas usinas paulistas e aumentar a oferta de postos de trabalho no campo.

Uma das primeiras medidas do governo, revelou Barelli, será aconselhar os empresários do setor sucro-alcooleiro a investir no marketing para convencer o consumidor de que vale a pena comprar carros a álcool. Além de mostrar que, ao contrário da gasolina, o álcool é um combustível renovável e nao poluente, a publicidade institucional tentará quebrar tabus que desmoralizaram os carros a álcool.

``É preciso provar, por exemplo, que está ultrapassada aquela história de que carro a álcool nao pega no inverno', disse o secretário do Emprego e das Relaçoes do Trabalho. Este e outros pequenos problemas que existiam quando o Pró-Alcool foi lançado, na década de 70, foram resolvidos com a evoluçao da tecnologia.

Sao Paulo já oferece incentivos concretos para a volta do carro a álcool. Pelo decreto da Frota Verde, Covas determinou que todas as repartiçoes estaduais comprem apenas carros a álcool. Bastou essa iniciativa, segundo Barelli, para as montadoras retomarem a fabricaçao de carros a álcool. ``Aliás, essa é uma tendência geral, pois em outras partes do mundo está ocorrendo a mesma coisa', observou o secretário.

Em parceria com Federaçao das Indústrias do Estado de Sao Paulo (Fiesp), sindicatos dos metalúrgicos e indústrias automobilísticas, Covas lançou também um programa de renovaçao da frota, a fim de incentivar quem tem carro velho a trocá-lo por um novo. Além de baixar o ICMS para todos os veículos fabricados no estado, o governo abre mao da cobrança do IPVA no caso dos carros movidos a álcool.

Os incentivos nao param aí. ``Os usineiros vao dar mil litros de álcool para quem preferir esse combustível', revela Barelli. Outra vantagem é que, com a liberaçao dos preços nos postos, o álcool passa a custar até 50% menos do que a gasolina. O secretário paulista ficou animado com a escolha do economista Henri Philippe Reichstul para a presidência da Petrobras.

``Vou ter um canal direto para discutir a questao do álcool combustível', disse Barelli, lembrando que é amigo e colega de Reichstul há muitos anos. Com a ressalva de que os produtores sucro-alcooleiros têm uma câmara setorial que sempre teve uma interface na área federal, o secretário acredita que a amizade vai ajudá-lo a abrir espaço na agenda de Reichstul. A Petrobras ainda tem um papel importante na discussao sobre o álcool, porque esse combustível é misturado à gasolina vendida nos postos.

Além de oferecer a alternativa de um combustível mais barato, renovável e nao poluente, o Pró-Alcool significa mais empregos para Sao Paulo. ``Sao de 350 mil a 450 mil empregos em cada safra', informa Barelli. Como o número de trabalhadores diminui com a colheita mecanizada, a câmara setorial aconselha os usineiros a nao contratar mao-de-obra vinda de outros estados. ``Nao se trata de fechar as fronteiras, mas de dar preferência aos paulistas enquanto houver desemprego', afirmou Barelli.

``Nós fazemos a coordenaçao da política de emprego e participamos de toda a discussao que interessa ao setor sucro-alcooleiro', disse o secretário estadual do Emprego e das Relaçoes do Trabalho. Em sua opiniao, os usineiros nao têm mais a imagem de viloes que manchou sua atuaçao no passado. ``O empresário sucro-alcooleiro de hoje é muito diferente daquele que Gilberto Freire retratou em Casa Grande & Senzala', observou Barelli.

Na avaliaçao do secretário, a geraçao de empresários da regiao de Ribeirao Preto, que passou da cultura do café para a de cana, é diferente até dos usineiros tradicionais de Piracicaba. ``Eles nem gostam de ser chamados de usineiros', disse Barell. ``Nao é que nao haja problemas, mas esses empresários têm outra inserçao no estado, pois muitos deles têm cursos de especializaçao e uma visao nova da realidade'.

Essa visao nova reflete-se na câmara setorial que discute as dificuldades e as oportunidades do setor sucro-alcooleiro. Os empresários buscam, por exemplo, uma saída tecnológica para um problema criado pela construçao do gasoduto boliviano, que acaba de ser inaugurado. Como vai ser mais barato alimentar as caldeiras das usinas com gás natural, vao sobrar toneladas de bagaço de cana até agora utilizados como combustível. Uma opçao seria usar o bagaço para a fabricaçao de papel.




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