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Al-Qaeda reivindica atentados que mataram mais de 100 no Iraque
Da AFP
30/09/2005 | 17:32
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Mais de cem pessoas morreram em menos de 24 horas em duas cidades xiitas do Iraque, onde o líder da rede terrorista Al-Qaeda neste país, Abu Mussab al-Zarqawi, decretou uma "guerra total" contra essa comunidade.

Depois de a organização de Zarqawi ter reivindicado o triplo atentado que deixou 99 mortos em Balad, um imã próximo ao grande aiatolá Ali Sistani pediu aos xiitas durante uma oração em Kerbala que tenham "calma e paciência".

Ao mesmo tempo, o embaixador americano no Iraque, Zalmay Khalilzad, iniciou negociações de última hora com xiitas e curdos para emendar o projeto de Constituição com o objetivo de ganhar o apoio dos sunitas, a menos de duas semanas da data prevista para o referendo sobre este texto (15 de outubro).

Dez pessoas morreram e outras 12 ficaram feridas nesta sexta-feira em um atentado com carro-bomba em um mercado de Hilla, uma cidade xiita 100 km ao sul da capital, informou uma fonte das forças de segurança.

Segundo outra fonte policial, o veículo estava estacionado no mercado Al Amar e os explosivos colocados dentro dele foram acionados por controle remoto às 09h (horário local).

Algumas horas antes, um triplo atentado deixou 99 mortos e 124 feridos - segundo o último balanço estabelecido por fontes hospitalares - em Balad, outra cidade xiita 70 km ao norte de Bagdá.

"A Al-Qaeda reivindica o triplo atentado com carro-bomba cometido contra os apóstatas da polícia e da guarda nacional em Balad", afirmou a organização em comunicado divulgado nesta sexta-feira na internet.

Dois carros-bombas explodiram a dez minutos de intervalo às 18h30 (horário local) de quinta-feira na rua Mashraf, no centro de Balad. O terceiro ataque aconteceu minutos depois, no bairro de Bab al-Sur.

Imediatamente depois dos ataques, 15 obuses de morteiro de grosso calibre foram disparados contra Bab al-Sur e outro bairro da cidade, informou a polícia.

Pelo menos 22 crianças e 35 mulheres morreram nesta série de ataques, segundo um levantamento da polícia.

Pelo alto número de vítimas, essa onda de atentados é considerada uma das mais mortíferas que abalou o Iraque desde a queda do ditador Saddam Hussein, em abril de 2003.

A rede Al-Qaeda no Iraque, que prega uma interpretação radical do Islã sunita, decretou em 14 de setembro uma "guerra total" à comunidade xiita, que acusa de colaborar com as forças de ocupação.

Naquele mesmo dia, essas ameaças foram concretizadas com atentados que deixaram 130 mortos na capital.

Os xiitas e os curdos do Iraque foram os vencedores das eleições de janeiro passado.

A ofensiva de Zarqawi acontece a poucos dias do referendo de 15 de outubro sobre o projeto de Constituição, já aprovado pelo Parlamento iraquiano.

Porém, o embaixador americano está tentando convencer xiitas e curdos a aceitarem a modificações exigidas pelos sunitas.

Khalilzad "está atualmente negociando as emendas com Abdel Aziz Hakim (o líder do Conselho Supremo da Revolução no Iraque, o principal partido xiita)", declarou o presidente do comitê encarregado de redigir o texto, o xiita Humam Hamudi.

Além disso, o embaixador viajou na quarta-feira ao Curdistão, onde se encontrou com o presidente do Iraque, o curdo Jalal Talabani, e com o presidente da região autônoma Massud Barzani, frisou Imad Ahmed, membro do PDK (Partido Democrático do Curdistão) de Barzani.

Os sunitas temem que a natureza federalista do projeto de Constituição provoque a divisão do país, e desejam, segundo Hamudi, que seja acrescentada uma frase enfatizando a unidade da nação iraquiana.

Na realidade, os sunitas temem que as províncias do sul, ricas em petróleo e de maioria xiita, se unam para formar um embrião de Estado.




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