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Escola trata alunos com problemas
Ana Macchi
Do Diário do Grande ABC
11/08/2002 | 19:52
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O Projeto Vida, uma iniciativa voluntária que tem como proposta reverter casos de baixa auto-estima, problemas familiares e até histórias de dependência química e alcoólica entre parte dos 1.890 estudantes da Escola Estadual Dom José Gaspar, em Ribeirão Pires, começa a ganhar espaço.

A forma econtrada para melhorar o rendimento escolar de alunos na faixa dos 13 aos 17 anos deu tão certo que já foi adotada pela escola Marli Raia Reis, também no município, e em breve deverá ser implementada em unidades estaduais de Mauá.

Na escola Dom José Gaspar, cerca de 30% dos alunos da 5ª série do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio têm problemas de desenvolvimento educacional relacionados às más relações familiares. “É uma espécie de grupo de auto-ajuda aberto à discussão de problemas comuns da idade, mas principalmente os familiares. Descobrimos que a principal causa do fraco aprendizado é o fato de os estudantes não se relacionarem bem em casa”, disse a vice-diretora Maria do Socorro Pereira Sanches.

Ela afirmou que o projeto começou tímido, há quatro anos, e que os alunos integrantes do programa são, na grande maioria, indicados por professores. “Temos uma conversa e convidamos o estudante a participar. Só ficam os que realmente estão à procura de melhorar o convívio social e a participação em sala de aula.”

Casos como o de H.T., 18 anos, um ex-estudante da escola que aos 13 anos já era dependente químico, são comuns no cotidiano da instituição. Seu problema, também fruto de má relação com o pai, foi revertido com sucesso por meio do projeto. “Cheguei ao ponto de ter sido preso por causa das drogas, aos 16 anos. Não tinha a menor motivação para estudar e passava o ano fugindo da sala de aula. Tinha problemas com o meu pai. Ele foi alcoólatra por 38 anos, mas, motivado pela minha cura, também resolveu procurar ajuda e hoje consegue viver bem socialmente e sem beber”, disse.

A decisão de entrar para o grupo não foi ocasional. “Consegui, por pouco, salvar do suicídio um colega que estava drogado. Foi um choque tão grande que resolvi parar com tudo e tentar melhorar como pessoa”, afirmou.

Segundo o psicólogo Denson Osean Farias, voluntário na escola, quadros clínicos como o de H.T. são comuns principalmente entre meninos. “Casos de separação de pais, ou mesmo a falta de relação entre eles, motiva os estudantes a encontrar uma válvula de escape. E, geralmente, o caminho escolhido não é dos melhores. Eles apelam para as drogas, o álcool e esquecem o convívio escolar”, disse.

Farias acredita que pelo menos metade dos estudantes consegue se recuperar. “Entre recaídas, eles continuam na nossa companhia até que consigam melhorar o rendimento”, disse.




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