O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e uma delegação de dez ministros chegaram na noite desta quinta-feira a Washington, onde, na sexta, se reúnem com o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Analistas apostam que, durante o encontro, os líderes vão priorizar os temas em que há convergência de opiniões e evitar as principais diferenças entre Brasil e Estados Unidos.

A discussão sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), portanto, pode ficar de lado e o assunto deve ser abordado somente na conversa entre os ministros, como já vem sendo feito. A tendência é de que o encontro seja extremamente diplomático.

"Lula e Bush tentarão estabelecer uma relação pessoal e tocar de forma genérica em temas como energia, agricultura, combate à pobreza e ao narcotráfico", afirmou à rede de notícias BBC Myles Frechette, presidente da Americas Society, um centro de estudos sediado em Nova York.

Para o brasilianista Kenneth Maxwell, também ouvido pela BBC, durante o encontro o presidente dos Estados Unidos deve oferecer a Lula ajuda em programas como o Fome Zero e o combate à corrupção. "Esses são temas em que os dois líderes já demonstraram afinidades e em que os dois países devem trabalhar juntos", disse Maxwell.

Segundo a embaixadora americana no Brasil, Donna Hrinak, "esta é uma visita muito importante". Hrinak disse nesta quinta-feira que Lula e Bush deverão assinar, pelo menos, cinco acordos de cooperação entre os dois países. Entre eles, um acordo de cooperação em política de energia nuclear, na área do Ministério da Ciência e Tecnologia, e outro que estenderá a cooperação a um terceiro país, Moçambique, em ações de combate à Aids.

No final da manhã, os presidentes terão uma conversa reservada, seguida de uma reunião interministerial. Depois desse encontro, Bush oferecerá um almoço ao presidente e à sua comitiva. Dez ministros brasileiros acompanham Lula na viagem, entre eles Antonio Palocci (Fazenda), Roberto Rodrigues (Agricultura), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento e Comércio Exterior) e Celso Amorim (Relações Exteriores).

Ainda durante a visita aos Estados Unidos, Lula se reunirá com representantes do Bando Mundial, do Banco Interamericano de Desenvolvimento e com líderes da principal central sindical americana, que possui aproximadamente 10 milhões de associados e é contra a Alca.

Na quarta, Lula participou de uma cúpula entre os membros do Mercosul, no Paraguai. Durante a reunião, o presidente destacou a importância da integração física entre os países do bloco.

Lula retorna para Brasília por volta das 23h de sexta-feira.