Economia Titulo
Aumento de taxas públicas impede deflaçao na regiao
Ricardo Kauffman
Da Redaçao 
09/01/1999 | 17:18
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A inflaçao no Grande ABC no ano de 1998 foi de 1,05%. O dado colhido pelo Imes (Intituto Municipal de Ensino Superior) de Sao Caetano é o menor desde a implementaçao no Plano Real. No entanto, vários itens que compoem o IPC-Imes (Indice de Preços ao Consumidor do Imes) apresentaram elevaçoes agudas. Entre eles se destacam o aumento do custo da zona azul de Sao Caetano, de 120%; o da taxa de água de Sao Bernardo, de 68%; e o do feijao, de 106%. Estacionamentos, IPTU e gás de botijao também tiveram grandes aumentos. Essas majoraçoes nao provocaram uma inflaçao expressiva em 1998 por que foram compensadas por baixas de outros produtos

A razao para a decolagem dos preços do feijao é conhecida de todos e nao se trata de nenhuma característica própria do ABC: a seca nordestina, agravada pelos efeitos do fenômeno meteorológico El Niño. Já as outras principais altas dizem respeito diretamente à regiao. No caso da zona azul, a alta média ponderada apurada pelo Imes foi de 33,4%. "Essa alta é composta exclusivamente pelo aumento aplicado em Sao Caetano, onde o custo do serviço subiu 120%", afirma o economista e professor de estatística do Imes Osmar Domingues.   

A zona azul aumentou tanto na cidade porque o sistema foi alterado em fevereiro do ano passado. A prefeitura terceirizou o serviço, que passou a ser operado com parquímetros. Pelo novo sistema, o usuário paga R$ 0,02 por minuto. Quando a zona azul era operada com cartoes, custava R$ 1 por duas horas. Sendo assim, o estacionamento por duas horas passou a custar R$ 2,40. Um aumento de 120%.  

 A Aciscs (Associaçao Comercial e Industrial de Sao Caetano), vencedora da licitaçao para a exploraçao de serviços, tem uma justificativa para a elevaçao. "Segundo uma pesquisa que encomendamos pelo próprio Imes, o tempo médio de utilizaçao da zona azul na cidade é de quarenta minutos, com um custo de R$0,80. Menor, portanto, que o preço do cartao, de R$1,00", afirma o presidente da Aciscs, Ivan Cavassani. Domingues, do Imes, explica o critério para a formulaçao do IPC: "Quando um produto é substituído, no caso o cartao de zona azul, usamos uma comparaçao equivalente. Portanto, pelo mesmo serviço prestado pelo cartao, o parquímetro tem um custo de R$ 2,40. Além disso, a pesquisa sobre o tempo médio de utilizaçao da zona azul representa apenas a situaçao de um momento, porque foi feita em um único dia."Agua cara -  

A Prefeitura de Sao Bernardo também tem uma justificativa para o aumento de 68% da taxa para abastecimento de água - que provocou uma inflaçao média de 20,15% no item água e esgoto do IPC-Imes. Segundo a assessoria do Departamento de Agua e Esgoto do municipio, tal elevaçao nao incide em todos os casos. Isso porque, em fevereiro de 1998, Sao Bernardo passou a cobrar uma tarifa fixa adicional para todos os usuários, de R$2,50. Como o preço cobrado pelo abastecimento varia de acordo com o consumo (quanto maior, mais caro é o metro cúbico de água), o reflexo da nova taxa é muito significativo para pequenos consumidores e ínfimo para grandes.Diferente de SP - A inflaçao de 1,05% apurada no Grande ABC difere sensivelmente da variaçao de preços registrada na capital paulista, onde houve em 1998 deflaçao de 1,79%.  Além dos aumentos de tarifas na regiao, já destacados, Osmar Domingues aponta as diferenças de metodologia como principal motivo para a disparidade: "O índice do ABC só inclui itens de consumo nao-duráveis (alimentos, serviços) e semiduráveis (vestuário e calçados). Ficam de fora os duráveis (automóveis, móveis e eletrodomésticos), que sao utilizados pela Fipe (Fundaçao Instituto de Pesquisas Estatísticas da USP). Esses produtos apresentaram grandes quedas de preços devido ao desaquecimento da ativadade econômica".  

Domingues explica que o Imes nao considera os bens duráveis por pressupor que a maioria da populaçao incluída no universo da pesquisa (de média e baixa renda) nao considera esse tipo de aquisiçao como algo do seu dia-a-dia. "A maioria planeja por um bom tempo a compra de um eletroeletrônico ou um carro. Portanto, os duráveis nao fazem parte de seu custo de vida, que é o objeto de pesquisa do nosso índice."




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