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Líder do Hamas adverte sobre risco de Intifada em Gaza
Da AFP
25/08/2005 | 12:02
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O Hamas, movimento radical palestino, advertiu nesta quinta-feira sobre a possibilidade de uma nova Intifada caso a Autoridade Palestina são cumpra as promessas feitas ao povo palestino.

"Se a Autoridade Palestina não puder cobrir as necessidades básicas deste povo, haverá uma nova Intifada, mas não contra Israel e sim entre palestinos. Será uma grande revolta popular sem armas. O Hamas está se preparando para grandes manifestações", declarou Fathi Hamad, um dos líderes do Hamas na Faixa de Gaza.

Líder do movimento islâmico de resistência no campo de refugiados de Jabalia, o maior da Faixa de Gaza e um dos mais castigados pela violência, Hamad considera que a Autoridade Palestina representa atualmente uma parte do povo e prevê a vitória do Hamas nas eleições legislativas de janeiro de 2006.

"O Hamas não está sozinho, somos parte deste povo e temos que participar no governo palestino, apesar da oposição da Europa e dos Estados Unidos. Nossos governantes não podem nos impor nada", afirma. No entanto, o líder radical é claro: "Nunca usaremos as armas contra Mahmud Abbas. Nosso governo não é nosso inimigo".

O Hamas não participou das eleições presidenciais de janeiro de 2005, que resultaram na vitória de Abbas, por considerar que também eram necessárias eleições legislativas e municipais.

Segundo Hamad, as duas palavras-chaves na Faixa de Gaza, agora que os colonos concluíram a retirada dos 21 assentamentos, são reconstrução e resistência.

"A Autoridade Palestina tem que dizer claramente se pode melhorar o sistema educacional, modernizar as infra-estruturas e aumentar a criação de empregos para dar vida normal a este povo", disse.

Nas ruas de Jabalia, ao norte da Faixa de Gaza, onde vivem 120 mil pessoas, os retratos dos 'mártires' se misturam aos cartazes do Hamas convocando a resistência e lembrando a vitória sobre os colonos em Gaza.

"Vi a saída dos colonos e pensei que pela primeira vez em sua história, os palestinos de Gaza poderiam se sentir felizes e dignos. Também lembrei as pessoas que morreram para que isto acontecesse", afirma Hamad, que pensa no irmão, morto durante uma das operações do exército israelense em Jabalia.

Porém, para este líder, a terra foi recuperada "graças à resistência e não à negociação" e por isso, a luta armada continua sendo imprescindível.

"A retirada israelense teria acontecido com Abbas ou com Yasser Arafat (líder palestino que faleceu em novembro). Os colonos saíram porque seus soldados morriam a cada dia e não podiam suportar mais", garante.

 
O ativista denunciou que o Hamas, em uma tentativa de "passar uma imagem de povo civilizado ao mundo", está respeitando uma trégua durante a retirada das colônias.

"Se continuaram nos assassinando, incentivando a colonização na Cisjordânia, controlando nossas fronteiras e nossa economia, além de tirar o ar para respirar, não poderemos seguir muito tempo sem reagir", adverte.

Para Hamad, as armas são as únicas formas de relação possível com Israel. "Eles impuseram o método, não nós", concluiu.




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