Cultura & Lazer Titulo
Três espetáculos iniciam temporada em SP
Mauro Fernando
Do Diário do Grande ABC
09/05/2001 | 20:40
Compartilhar notícia


Três estréias se destacam no panorama teatral paulistano desta semana. Celso Frateschi dirige Antes do Café, do norte-americano Eugene O’Neill, que entra em cartaz quinta no Ágora. Com o Grupo Folias D’Arte, e sob a direção de Dagoberto Feliz, A Maldição do Vale Negro inicia temporada amanhã no Galpão do Folias. E, com texto e direção de Wolf Maya, o musical Relax... estréia amanhã no Bibi Ferreira.

 Frateschi assina a adaptação de Antes do Café. No elenco, a andreense Jerusa Franco e Geraldo Lozzi. O autor centra a história na desgastada relação de um casal que perdeu a fortuna depois da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. Ela sustenta o marido, um poeta desempregado que não demonstra a menor vontade de trabalhar.

A peça foi escrita como monólogo. Além de uma espécie de prólogo, ganhou um personagem em cena (Alfredo, o marido). “Mas não há nenhuma mudança no texto original, que pressupõe a presença dele”, diz Frateschi. Lozzi trabalha apenas com a expressão corporal. “Todas as informações sobre ele estão na boca dela”, conta o ator. “O espetáculo aborda a falta de possibilidades, de perspectivas”, revela Jerusa.

O ambiente externo, marcado pelo empobrecimento do país, potencializa a ação dos demônios internos dos personagens. Os figurinos são de época e a cenografia é inspirada na obra do pintor norte-americano Edward Hooper. “Ele registra um horizonte indefinido”, afirma Frateschi. Não é à toa que há uma janela que dá para um beco.

A Maldição do Vale Negro, de Caio Fernando Abreu e Luís Arthur Nunes, nasceu a partir de uma pesquisa sobre o praticamente extinto melodrama circense. “Há os clichês do melodrama, o galã, o vilão, a mocinha ingênua”, conta Feliz. “É uma reflexão em cima do tipo de teatro que se fazia e o atual. Há uma crítica, na forma, ao dramalhão mexicano. Acaba virando uma comédia rasgada”, explica.

“O cenário tem flor de plástico, uma breguice fake, que parece real”, revela o diretor. Os atores se apóiam na maquiagem exagerada e nos gestos grandes. “Eles mostram o truque sendo montado, há uma aproximação com o público, que vê o virtuosismo do trabalho do ator”, diz. Feliz ressalta ainda a importância da narração: “Os atores narram, interpretam e comentam o espetáculo”.

Nos vários esquetes de Relax..., os 12 atores – Danielle Winitz, Adriana Garambone, Heitor Martinez e Anna Markun à frente – interpretam vários personagens, incluindo uma atriz pornô, uma virgem em lua-de-mel e um travesti. “O musical fala de sexo como comédia, com um atrevimento ingênuo. Os atores não ficam nus”, afirma Maya. “Transar é normal, faz parte da vida de todo mundo”, diz Adriana.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;