O grande mérito de "Tempos de Paz", filme brasileiro que estreia hoje apenas nos cinemas de São Paulo, é o grande entendimento e carisma entre os protagonistas, Tony Ramos e Dan Stulbach. O longa-metragem, dirigido por Daniel Filho, é uma adaptação da peça teatral Novas Diretrizes em Tempos de Paz, do dramaturgo Bosco Brasil, que também assina o roteiro.

Tony e Stulbach permaneceram em cartaz com o espetáculo por três anos, a partir de 2001 e, por mais que a temporada nos palcos tenha ficado lá atrás, a cumplicidade entre os intérpretes é bastante visível. Os dois foram premiados pelo trabalho: ambos levaram o Shell. Stulbach ganhou ainda o APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) pelo trabalho.

No cinema, assim como no teatro, Tony vive Segismundo, um agente que, com o fim da Segunda Guerra Mundial, começa a trabalhar como chefe da imigração da Alfândega, no Rio. Em seu passado recente, acumula sessões de tortura que comandou em nome do regime de Getúlio Vargas. Com os tempos de paz, é obrigado a sumir com documentos e a se deparar com algumas de suas vítimas, que estão sendo liberadas pelo governo.

Stulbach é o imigrante polonês Clausewitz, que chega ao País fugindo dos horrores da guerra. Amável e carismático, tem um repertório de histórias e um irresistível talento dramático que utiliza para tentar convencer o agente a deixá-lo permanecer no Brasil. É no embate entre esses dois homens que gira a história, que conserva intensa carga dramática.