Entidade defendeu o fim da paralisação, mas metalúrgicos decidiram pela continuidade
As duas assembleias de trabalhadores realizadas ontem na GM (General Motors) de São Caetano, no período da manhã e da tarde, decidiram pela continuidade da greve em curso desde o dia 1º. A direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano defende o fim da paralisação.
O TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região) definiu na quarta-feira que a greve deveria ser encerrada e que seria classificada como abusiva a partir de ontem. O Tribunal indeferiu o pedido do sindicato de fixação de vale-alimentação, devido a não haver cláusula no acordo coletivo da categoria que dê embasamento à solicitação. A determinação é de que a entidade sindical deverá pagar uma multa diária de R$ 50 mil caso os metalúrgicos não retornem aos seus postos.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, em torno de 90% dos trabalhadores já tinham retornado na tarde de ontem. Dois metalúrgicos ouvidos pela reportagem estipularam um percentual de 50% e disseram que é difícil estimar com precisão.
“A surpresa é que, além da multa, decretaram (a Justiça) abusividade. A empresa pode demitir (a partir de agora). Essa é a nossa preocupação”, defendeu Cidão em discurso aos trabalhadores.
Houve vaias durante a assembleia da tarde. No momento da votação do encaminhamento, a maior parte dos trabalhadores levantou a mão em favor da continuidade da greve. Após o fim da reunião, houve bate-boca e princípio de agressão entre alguns metalúrgicos e a direção da entidade.
“O sindicato está aqui para defender os nossos direitos e não para ficar jogando um contra o outro. A gente sabe que o pessoal tem medo de perder emprego. Uma parte dos funcionários retornou ao trabalho por pressão do RH (Recursos Humanos) e de lideranças (supervisores)”, reclamou Leandro Toledo, 47 anos, um dos trabalhadores presentes na assembleia.
Em entrevista ao Diário, Cidão afirmou que o sindicato vai seguir a vontade dos trabalhadores. Contudo, apontou que a maioria permaneceu no expediente após a assembleia e que a continuidade da greve depende do engajamento dos metalúrgicos. Ele diz que uma pequena parcela dos funcionários estimulou os demais a votarem pela continuidade da paralisação. “Isso atrapalha a luta, a organização dos trabalhadores”, defendeu.
A GM, em nota, disse que aguarda o retorno da operação integral após a decisão da Justiça. “Diante do atual cenário econômico e dos impactos provocados pela pandemia, a GM tem feito todos os esforços possíveis para manter a produção e os empregos”.
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