Oscar Arias Sánchez, um político experiente que já esteve à frente do governo da Costa Rica há 20 anos, voltará à Presidência do país a partir de 8 de maio, quando vai enfrentar uma profunda divisão social devido a um projeto de tratado de comércio com os Estados Unidos, ao qual se propõe ratificar.
Grupos políticos, sindicais, camponeses e estudantis prometeram travar uma guerra contra o acordo comercial, que o novo Congresso -dominado pelo partido de Arias, Libertação Nacional (PLN)-, abordará prioritariamente nas próximas semanas.
Arias, que defende a ratificação do tratado, venceu as eleições no dia 5 de fevereiro com uma apertada vantagem de apenas 18.000 votos sobre seu rival, o economista Ottón Solís, do Partido Ação Cidadã (PAC), que se opõe à assinatura do TLC nos termos em que foi negociado.
Líderes sociais e políticos asseguram que o tema não será resolvido no âmbito legislativo, e sim em um duelo nas ruas em que os setores sociais a favor e contra o acordo medirão suas forças.
"Desde o ano 2000, oito presidentes foram derrubados na América Latina por não terem ouvido o clamor da sociedade civil e por entenderem que bastava o entendimento com cúpulas divorciadas da cidadania", advertiu Solís.
Sindicatos do setor público, organizações de produtores agrícolas, grupos estudantis, religiosos e artísticos, entre outros, estão se organizando há mais de um ano para se opor à ratificação do TLC, o que permite prever um início de governo conturbado para Arias.
Arias retorna ao poder 20 anos depois de seu primeiro mandato (1986-1990), período durante o qual o país passava por grande turbulência devido aos conflitos bélicos entre seus vizinhos Nicarágua, Guatemala e El Salvador.
Um plano de paz proposto por Arias abriu caminho para negociações entre os governos da região e os grupos guerrilheiros que ameaçavam o poder nesses países, o que valeu a Arias o Prêmio Nobel da Paz, em 1987.