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Extradição de Assange será examinada em fevereiro
Da AFP
11/01/2011 | 09:43
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O pedido de extradição apresentado pela Suécia contra o fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, por supostos crimes sexuais será examinado pela Justiça britânica em 7 e 8 de fevereiro, decidiu esta terça-feira um juiz durante audiência relâmpago em um tribunal de Londres.

O australiano, de 39 anos, se disse muito contente com o resultado da audiência, durante a qual o juiz Nicholas Evans também mudou sutilmente as condições da liberdade condicional para que o acusado possa dormir na capital nos dias em que sua extradição deve ser decidida.

"A única variação em sua liberdade é que nas noites de 6 e 7 de fevereiro o senhor poderá residir no Frontline Club de Londres", disse o juiz durante os 10 minutos que durou esta sessão de trâmite no tribunal de Woolwich, a sudeste de Londres, antes de intimá-lo para a manhã do dia 7.

O Frontline Club é um clube de jornalistas fundado por seu amigo, Vaughan Smith, que também é proprietário da mansão de campo onde Assange mora desde que o juiz concedeu a ele liberdade sob fiança em 16 de dezembro.

Assange, de 39 anos, sempre negou as acusações de supostos crimes sexuais contra duas mulheres, razão pela qual a Suécia pede sua extradição e estima que o caso está politicamente motivado após a difusão no WikiLeaks e em vários jornais de prestígio de milhares de despachos diplomáticos confidenciais de embaixadas americanas e documentos secretos sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão.

"Nosso trabalho com o WikiLeaks não diminuiu e estamos aumentando a publicação de assuntos relacionados ao 'cablegate' e outros materiais", declarou a dezenas de jornalistas do lado de fora do tribunal, destacando que estes estariam disponíveis "em breve" através dos canais habituais.

Os advogados de Assange anunciaram sua intenção de esgotar todos os recursos para evitar sua extradição para a Suécia, que temem que não seja mais do que uma etapa prévia à sua entrega aos Estados Unidos.

Em um documento publicado nesta terça, a defesa alega também que, em caso de extradição, existe um risco real de que Assange termine "detido em Guantánamo ou exposto à pena de morte" nos Estados Unidos.

Além disso, acusaram a promotoria sueca de abuso de direito e de conduta ilegal em seus esforços de extraditar seu cliente.

O texto, escrito por um dos representantes legais de Assange, o advogado especializado em direitos humanos Geoffrey Robertson, assinala o pedido de extradição carece de validade legal por ter sido emitida por uma promotora sem competência para isso e não pela polícia sueca.

Também questiona mais uma vez a credibilidade das supostas vítimas de Assange.

O vice-presidente americano, Joe Biden, confirmou recentemente que o departamento de Justiça procurava vias legais para entrar com ações contra Assange, a quem qualificou de "terrorista de alta tecnologia".

Assange foi libertado em 16 de dezembro após pagar uma fiança de 200 mil libras (US$ 310 mil, 240 mil euros) em espécie além de duas garantias pessoais de 20 mil libras, bem como aceitar condições estritas, que incluem o uso de um bracelete eletrônico e visitas diárias à delegacia.

Desde então, tem vivido em Ellingham Hall, mansão em estilo georgiano situada na fronteira dos condados de Suffolk e Norforlk, 200 km ao leste de Londres, onde tem podido continuar com seu trabalho à frente do WikiLeaks.

Esta terça-feira, Assange se disse pessimista, no entanto, sobre o futuro do WikiLeaks, que segundo ele tem prejuízo de 500.000 euros semanais (650.000 dólares) desde o começo do 'cablegate', a difusão das mensagens procedentes de embaixadas americanas em vários países do mundo.

"Não poderemos sobreviver do jeito que vamos (...) O dinheiro dos doadores tem dificuldades para chegar até nós porque todas as nossas contas estão bloqueadas", disse, em entrevista à emissora de rádio francesa Europe 1. Mas, acrescentou, "vamos tentar reagir", acrescentou.

É preciso acrescentar ainda os gastos legais, que forçaram o fundador do portal especializado em vazamentos de informações sigilosas a assinar um contrato para escrever um livro autobiográfico, cuja versão em inglês será posta à venda em abril.

"Não queria escrever este livro, mas tenho que fazê-lo. Gastei umas 200.000 libras em custas legais e tenho que me defender, bem como garantir a sobrevida do WikiLeaks", declarou, em dezembro, ao jornal dominical britânico Sunday Times.




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