Internacional Titulo
Palestinos temem endurecimento nas posiçoes de Barak
Do Diário do Grande ABC
10/07/2000 | 17:32
Compartilhar notícia


Os palestinos temiam, esta segunda-feira, que o fim da coalizao do Primeiro-Ministro israelense, Ehud Barak, provoque um endurecimento de sua posiçao, durante a cúpula tripartite de Camp David.

Todos acreditam que depois da saída, neste domingo, de três partidos da coalizao governamental de Israel, o presidente norte-americano Bill Clinton, padrinho da cúpula entre Barak e Arafat, nao vai pressionar o chefe de governo israelense, para que Israel se aproxime das reivindicaçoes dos palestinos a favor de um Estado independente na Cisjordânia e Faixa de Gaza, com Jerusalém como capital.

Alguns analistas vêem inclusive, nesta crise governamental, um cenário montado pelo mesmo Barak que caiu como uma luva, na mesma semana da cúpula de Camp David, que começa esta terça-feira.

"Nao levo muito a sério o que aconteceu no governo israelense. Para mim, trata-se de uma espécie de tática para colocar Barak em melhor posiçao durante as negociaçoes, disse Abdul Rahmán Abú Arafé, presidente do Fórum Arabe de Reflexao.

"Tenho a impressao de que quando voltar (dos Estados Unidos), o governo voltará à estabilidade. Me parece uma tática, talvez nao coordenada, mas é uma tática", afirmou.

Por sua vez, Jalil Chikaki, presidente do Centro Palestino de Estudos e Pesquisas, garante que a maioria dos palestinos nao confiam na política israelense ou nao a compreendem.

"Para a maioria, trata-se de uma conspiraçao israelense. O homem comum, que está nas ruas, espera o pior e parte do princípio de que se trata de uma tentativa de Israel de endurecer suas posiçoes e mostrar que Barak nao pode fazer mais concessoes aos palestinos, porque se as fizer, nao poderá mais governar", afirmou Chikaki.

Israel e os palestinos estabeleceram o dia 13 de setembro como a data-limite para chegar a um acordo de paz. Nesta data, a Organizaçao para a Libertaçao da Palestina (OLP) está decidida a proclamar um Estado independente, inclusive se nao houver acordo.

Segundo Chikaki, os palestinos "chegaram à conclusao de que Israel nao está preparado para la paz". Um fracasso em Camp David e a determinaçao dos palestinos em proclamar seu Estado em 13 de setembro podem resultar numa nova onda de violência no Oriente Médio.

"A maioria dos palestinos na Cisjordânia e Gaza deseja a assinatura de um acordo em Camp David, porque senao haverá uma nova Intifada (sublevaçao popular) tomará as ruas", adverte Riyadh Agha, presidente do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos, em alusao à revolta nos territórios palestinos de 1987 a 1993.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;