Política Titulo Declarações em 7 de setembro
Bolsonaro parte para cima de Alexandre de Moraes

Em atos a seu favor, presidente critica ministro do STF: ‘Ou ele é enquadrado ou pede para sair’

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
08/09/2021 | 00:01
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Marcos Correa/ PR/ Twitter


Em discursos nas manifestações a favor de seu governo em Brasília e em São Paulo, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a atacar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), defendeu a instituição do voto impresso, criticou atuação de governadores e prefeitos durante a pandemia e deflagrou nominalmente briga com Alexandre de Moraes, ministro do Supremo e que no ano que vem assume a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Foram registrados atos em pelo menos 24 capitais no 7 de Setembro. Os mais significativos foram em Brasília e em São Paulo, mas também houve presença considerável de apoiadores no Rio de Janeiro (na praia de Copacabana). Em Brasília, a concentração foi na Praça dos Três Poderes, com estimativa de 105 mil pessoas presentes. Em São Paulo, na Avenida Paulista, que, segundo a PM (Polícia Militar), reuniu cerca de 125 mil manifestantes.

Bolsonaro discursou para aliados em Brasília pela manhã em cima de um carro de som ladeado por diversos ministros e o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB).

As manifestações do presidente resultaram em reações de diversas lideranças políticas. Partidos de oposição falaram abertamente em impeachment de Bolsonaro.

Na Capital Federal, disparou ataques a Moraes sem citar o nome do ministro do STF. “Uma pessoa específica na região dos três poderes está barbarizando a população e fazendo prisões políticas”, comentou. “Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos.”

O chefe da Nação revelou que iria participar de reunião do Conselho da República com presidentes dos demais poderes do País para discutir os rumos do Brasil. “Amanhã (hoje) estarei no Conselho da República juntamente com ministros para nós, juntamente com o presidente da Câmara (deputado federal Arthur Lira, PP-AL), do Senado (senador Rodrigo Pacheco, DEM-MG) e do Supremo Tribunal Federal (ministro Luiz Fux), com essa fotografia de vocês, mostrar para onde nós todos devemos ir”, disse ele. Esses presidentes de poderes negaram que a reunião havia sido convocada.

Depois do discurso em Brasília, Bolsonaro se dirigiu à Avenida Paulista. Chegou no começo da tarde e, às 15h30, subiu em caminhão de som montado no meio da via, perto do Masp (Museu de Arte de São Paulo). Novamente estava ao lado de ministros e de aliados, como o pastor Silas Malafaia. Nesta fala, o tom agressivo permaneceu, desta vez com citação nominal a Moraes.

“Eu não vou mais cumprir ordens deste ministro. Ele açoita a nossa democracia e desrespeita a Constituição. Ou ele é enquadrado, ou pede para sair”, bradou Bolsonaro. Foi ovacionado na sequência. “Dizer a vocês que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não existe mais.”

Moraes preside, no STF, o inquérito dos atos antidemocráticos e das fake news, assuntos que têm mirado justamente bolsonaristas. Nas últimas semanas, o ministro acolheu pedidos da PGR (Procuradoria-Geral da República), no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, que envolveram prisões de aliados de Bolsonaro – como o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) – e bloqueio de bens de associações que supostamente financiavam as manifestações pró-governo.

“Não se pode admitir que uma pessoa apenas, um homem apenas turve a nossa liberdade. Dizer a esse ministro que ele tem tempo ainda para se redimir, tem tempo ainda de arquivar seus inquéritos. Sai, Alexandre de Moraes. Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixe de censurar o povo. Mais do que isso, nós devemos, sim, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade”, discorreu o presidente.

Ele chamou de “canalhas” os que apostam em sua prisão e disparou contra governadores e prefeitos, dizendo que esses gestores afrontaram a Constituição Federal quando decretaram quarentena para conter a disseminação do novo coronavírus. “Tolheram a liberdade de vocês. Fecharam os templos para vocês orarem.”

“Não quero conforto de palácios e benesses que existem no Brasil. Quero o que seja justo. Jurei minha vida pela Pátria. Sei que é difícil ser presidente, mas faço pela Pátria. Faço porque tenho apoio de vocês. Enquanto vocês estiverem do meu lado, serei o porta-voz de vocês. É missão espinhosa, mas muito gratificante”, comentou.

Moraes usou o Twitter para comentar os atos do dia 7 de Setembro, porém, evitou rebater os ataques de Bolsonaro. “Nesse Sete de Setembro, comemoramos nossa Independência, que garantiu nossa liberdade e que somente se fortalece com absoluto respeito à democracia.”

(com Agências)




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