Os Lordes britânicos defenderam nesta quarta-feira a possibilidade de todas as cadeiras da Câmara dos Lordes serem atribuídas por designação, opondo-se aos deputados britânicos que votaram na semana passada em favor de uma Câmara totalmente eleita.

Assim, por 361 votos contra 121 - maioria de 240 - os membros da Câmara alta do Parlamento rejeitaram a proposta da Câmara dos Comuns que havia decidido uma Câmara dos Lordes inteiramente eleita, pela primeira vez em 600 anos de existência.

O governo britânico não é obrigado a levar esse voto em conta, mas se apresentado um projeto de lei nesse sentido as negociações parlamentares poderiam levar vários meses.

O lorde Chancellor Charles Falconer, que exerce o cargo de ministro da justiça, advertiu segunda-feira para as "conseqüências imprevistas" que poderia ter o confronto das duas câmaras sobre este texto legislativo.

A baronesa Betty Boothroyd, da Câmara dos Lordes, também avisou que lordes eleitos poderiam pedir uma igualdade no tratamento dos membros das duas câmaras.

"O futuro do nosso Parlamento está em perigo se modificarmos o equilíbrio entre as duas câmaras que servem bem a nosso país", disse ela.

O governo de Tony Blair deseja uma Câmara dos Lordes com 50% de membros eleitos.

A Câmara dos Lordes existe desde o século XIV e nenhum de seus membros foi eleito. Atualmente, a maioria de seus integrantes é designada.

A reforma da Câmara Alta do parlamento voltou para o centro do debate na primavera de 2006 com a abertura de uma investigação sobre o financiamento duvidoso do partido trabalhista, suspeito de se beneficiar da generosidade dos Lordes.