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Segredos do cacau
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
04/04/2010 | 08:00
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Reprodução


Se você é fã de chocolate deve agradecer à natureza pela existência do cacau. A fabricação do alimento não seria possível sem as sementes torradas desse fruto. Mas como o descobriram? Essa é uma história longa.

 Os especialistas acreditam que o cacau seja originário da Floresta Amazônica e se espalhou por vários países das Américas. Bem antes de os colonizadores chegarem ao continente, no século 16, civilizações indígenas já cultivavam o fruto.

 Os astecas, que viviam no México, consideravam-o sagrado e muito valioso, por isso, o utilizavam como moeda. Também criaram uma bebida chamada tchocolath - daí vem o nome chocolate - usada como remédio e em rituais sagrados.

 Para se desenvolver, o cacaueiro precisa de solo rico em nutrientes, calor e muita umidade, como ocorre na região amazônica. Foi levado ao Sul da Bahia pelo colonizador francês Louis Frederick Warneaux, em 1746. Até hoje, o Estado é responsável por produzir mais da metade do cacau brasileiro.

 O cultivo da planta só chegou à África no século 19. No entanto, é lá que se encontram os principais produtores do mundo, que são Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Camarões, além da Indonésia, na Ásia. O Brasil ocupa a sexta posição.

 Não pense que do cacau só se faz chocolate. Há muitos produtos industrializados que o utilizam, como cosmético, bebidas (licores e vinhos), geleia, suco e iogurte. A casca pode se transformar em alimento para bois, porcos, aves e peixes. Ainda pode ser usado na produção de fertilizante natural.

Consultoria da Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira)

Exploradores levaram semente para a Europa  

No início do século 16, o explorador Hernán Cortez conheceu o cacau com os astecas. Ao notar que tinha muito valor para esse povo, decidiu levar as sementes para o rei espanhol Carlos V. Na época, as pessoas não gostaram da bebida produzida a partir do fruto, considerando-a estranha.

 O cacau só se popularizou na Europa anos depois, quando o navegador Cristóvão Colombo chegou à Espanha com outro carregamento do produto. Aos poucos, acrescentaram açúcar e outros ingredientes, como vinho e leite, à bebida. A novidade se espalhou pelo continente e se desenvolveu até se transformar no chocolate que conhecemos hoje. No fim do século 18, os ingleses começaram a produzir chocolate em forma de barra.

Jupará ajuda a plantar o fruto

Tem bicho na natureza que além de ser fã de cacau é conhecido por ser o principal plantador natural do fruto. Trata-se do jupará, mamífero parente do mão-pelada e do quati. Depois de comer a polpa, ele espalha a semente, que pode dar origem a outro cacaueiro.

O jupará mede cerca de 1 m de comprimento e pesa 4 kg. O macho é maior que a fêmea. Pode ser encontrado desde o México até a região central do Brasil. Gosta de viver no alto das árvores, na Floresta Amazônica, Mata Atlântica e no cerrado. Tem cauda longa e preênsil, que funciona como quinta pata e não o deixa cair dos galhos, onde adora se pendurar. A língua também é comprida, utilizada para capturar insetos, mel e néctar, que complementam a refeição.

 Tem hábito solitário e noturno. Durante o dia, tira soneca dentro de ocos das árvores. A gestação dura, em média, 120 dias; podem nascer de dois a quatro filhotes. Em cativeiro, vive até 30 anos.

 Faz bem se não exagerar

O chocolate é ótima fonte de energia, principalmente por ser rico em carboidratos. Também tem minerais, vitaminas e substâncias que dão sensação de bem-estar. E não vicia, como alguns dizem. É que a gente sempre busca comê-lo para se sentir bem. E tem mais: descobriu-se que o flavonoide (substância presente na semente do cacau) ajuda a proteger o coração contra doenças.

 Apesar disso, não se pode abusar. Exagerar no chocolate pode causar dor de barriga e ganho de peso. O melhor tipo de chocolate é o amargo, porque contém menos gordura e açúcares e maior quantidade de massa de cacau, que possui mais nutrientes. O mais prejudicial é o branco.




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