Clinton deve deixar Camp David na manha desta quarta, a caminho do Japao, onde participará daquela que será sua última reuniao de cúpula do G8 (os sete países mais ricos e a Rússia).

O jornal mais importante de Israel, Yediot Aharonot, publica nesta terça em sua primeira página: "Fracasso em Camp David, Ehud Barak volta sem acordo".

Fontes próximas ao premiê israelense se apressaram em desmentir que Barak tivesse decidido deixar os Estados Unidos, mas nao descartaram a possibilidade de a reuniao terminar sem um acordo.

O conselheiro jurídico de Barak, Eldad Yaniv, nao escondeu a amplitude das divergências. "A única certeza é que o primeiro-ministro nao cederá em relaçao às 'linhas vermelhas' (os pontos nao-negociáveis)", sublinhou.

A recusa de Barak de discutir a anexaçao por parte de Israel de Jerusalém Oriental, local que Yasser Arafat pretende transformar em capital do futuro Estado palestino, é a principal causa da discórdia.

O Maariv, jornal popular independente, resumia a situaçao afirmando que "o sentimento geral de pessimismo se acentua", já que "torna-se cada vez mais evidente que a questao de Jerusalém é insolúvel a esta altura".

Citando membros da delegaçao israelense em Camp David, a rádio militar informou que Barak abandonaria as negociaçoes se os americanos apresentassem propostas favoráveis à concessao aos palestinos da soberania dos bairros árabes de Jerusalém Oriental.

O tom dos palestinos nao era mais animador. O jornal Al Qods, publicado em Jerusalém, afirmava que "as discussoes atravessam uma verdadeira crise e as divergências entre as duas partes ainda sao profundas". As propostas israelenses sobre Jerusalém, refugiados e retirada da Cisjordânia têm "um caráter provocador e, sob certos aspectos, nao sao muito diferentes daquelas apresentadas em negociaçoes anteriores", lamentava o jornal, citando uma fonte palestina.