Economia Titulo Capital aberto
Dona da Casas Bahia oficializa mudança da sede para S.Paulo

Em fato relevante, companhia afirmou que saída de São Caetano foi aprovada em assembleia; Diário antecipou transferência em julho

Yara Ferraz
07/08/2021 | 07:35
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A Via, companhia de capital aberto responsável pela Casas Bahia, Ponto Frio e o e-commerce do Extra, confirmou a mudança da sede administrativa de São Caetano para o bairro Pinheiros, na Capital. Com isso, os cofres da cidade do Grande ABC correm o risco de perder cerca de R$ 30 milhões pagos anualmente em impostos municipais pelo grupo.

A troca foi antecipada pelo Diário no último dia 15 de julho, quando informou que a empresa tinha iniciado a transferência de parte dos funcionários para São Paulo. Com isso, a sede da empresa deixa oficialmente o prédio do Centro de São Caetano, onde a Casas Bahia abriu sua primeira unidade, em 1957.

A alteração foi confirmada em fato relevante divulgado ontem pela companhia aos acionistas. No documento, a empresa informa que a proposta de mudança da sede para a Avenida Rebouças, no bairro Pinheiros, foi aprovada em assembleia geral extraordinária convocada pelo conselho de administração. A nova unidade tem 8.000 m², distribuídos em quatro andares.

A aprovação também ocorreu para a alteração da denominação social para Via S.A., em linha com a mudança da marca comunicada em abril, que anteriormente era denominada Via Varejo.

Conforme a reportagem de julho do Diário, dos cerca de 4.000 colaboradores do administrativo, 800 já trabalhavam em escritório em Pinheiros, 1.100 seguiam em São Caetano – realocados no prédio da TI (Tecnologia da Informação) – e 2.000 ainda se mantinham em home-office.

De acordo com o economista da Messem Investimentos Gustavo Bertotti, especialista no mercado de ações, a mudança é estratégica por parte da companhia e faz parte do novo posicionamento, que, inclusive, foca sobretudo no digital para fazer frente à concorrência, principalmente do Magazine Luiza.

“É parte da estratégia da empresa, que vem apostando na reformulação da marca. São Paulo é o grande centro financeiro do País, onde são formados e concentrados grandes negócios, além de ser uma rota do mercado financeiro”, disse. 

Mesmo com a confirmação oficial da empresa, a Prefeitura de São Caetano informou “que houve mudança da sede administrativa (prédio) e não do CNPJ, portanto, não há perda de arrecadação nem de empregos”, afirmou, em nota. Uma fonte graduada da companhia confirmou ao Diário que a Via paga “em torno” de R$ 30 milhões anuais em impostos a São Caetano.

O advogado especialista em direito tributário e sócio do escritório Meirelles Costa Advogados, Morvan Meirelles alertou para uma perda de arrecadação indireta, com um número menor de pessoas trabalhando no local.

“Essas pessoas que foram transferidas, anteriormente consumiam em São Caetano e agora vão fazer isso em São Paulo. Se algum contingente dessas pessoas morava em São Caetano, também deve se mudar, o que significa menos contribuintes com IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e que deixam de consumir, ou seja, menos ISS (Imposto Sobre Serviços) em São Caetano”, disse o advogado.

Coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio afirmou que “o meu receio é que isso crie caminho futuro para fazer uma alteração do CNPJ, mesmo que isso não seja feito em um primeiro momento. Afinal, é uma mudança da alta administração da empresa”.

Questionada, a Via informou que “tem muito orgulho de sua parceria com São Caetano e que mantém, na cidade, um hub de trabalho, a maior fábrica de móveis do Brasil, que opera sob a marca Bartira, e uma loja da Casas Bahia”.

CD de S.Bernardo vira referência da marca na região

Com a saída da Via de São Caetano, a principal referência da marca Casas Bahia no Grande ABC passa a ser em São Bernardo. Isso porque a cidade abriga o CD (Centro de Distribuição) da varejista, localizado às margens da Via Anchieta, e em frente à fábrica da Volkswagen. A Via confirmou a continuidade dessa operação.

A inauguração do espaço ocorreu em abril de 2006, com direito à presença do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do fundador da Casas Bahia, o empresário Samuel Klein, morto em 2014. A unidade foi feita para desafogar a operação do armazém principal da varejista em Jundiaí, no Interior. O terreno tem 270 mil m², com área construída de 96 mil m², sendo 87 mil m² só de espaço de armazenamento. Na época, o investimento foi de R$ 10 milhões na aquisição do terreno, mais R$ 20 milhões em construção, com a geração de 1.000 empregos.

O depósito é ponto de passagem para produtos com destino às lojas do Grande ABC, do Litoral paulista e das zonas Leste e Sul da Capital.

Questionada, a Prefeitura de São Bernardo informou que os dados de arrecadação não podem ser divulgados por questões de sigilo fiscal.

CAPITAL ABERTO
Com a saída da Via de São Caetano, o Grande ABC fica com três empresas de capital aberto, ou seja, listadas na bolsa de valores. São elas: CVC Corp, do setor de viagens e localizada em Santo André; e Bombril, fabricante de produtos de limpeza, e a Tegma, de logística, em São Bernardo. Em janeiro de 2020, a cidade perdeu a Mangels, produtora de manufaturados de aço e alumínio. “Das empresas de capital aberto, pela possibilidade de captação de recursos, espera-se que tenham maior capacidade de investimento e de expansão a médio e longo prazos”, disse o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio.

A Via deve divulgar os resultados financeiros em 11 de agosto.  




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