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Com baixa demanda, Santo André vai desmontar hospital de campanha

Leitos da UFABC, que não recebem doentes há quase um mês, serão levados ao CHM; região ainda mantém quatro equipamentos provisórios

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
23/07/2021 | 00:01
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Celso Luiz/ DGABC


A Prefeitura de Santo André começa a planejar o desmonte do hospital de campanha que foi montado em parceria com a UFABC (Universidade Federal do ABC). O Diário mostrou em 10 de julho que desde 29 de junho o equipamento não recebe nenhum paciente. Cenário bem diferente do vivenciado em março deste ano, quando os 180 leitos, sendo dez de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) estavam com 97% de ocupação.

A desmobilização, no entanto, será feita com cautela. O prefeito Paulo Serra (PSDB) afirmou que já teve início a transferência de leitos de média e alta complexidades, de forma gradual, para o CHM (Centro Hospitalar Municipal), para que a cidade não perca a capacidade de atendimento caso aconteça nova alta de casos, principalmente por causa da variante delta, identificada primeiro na Índia. “Com muita cautela devemos iniciar a desmontagem no fim de julho” detalhou. 

Já para a desmobilização do hospital de campanha do Complexo Poliesportivo Pedro Dell’Antonia, Paulo Serra avalia que é necessário evoluir mais com a aplicação das segundas doses. A cidade tinha, até ontem, 438.013 pessoas com a primeira dose e 147.279 com o esquema vacinal completo, seja com as duas doses, seja com a dose única. Isso representa 79,1% das pessoas com mais de 18 anos com pelo menos uma dose e 27% com as duas ou dose única. “Vamos acompanhar semana a semana e, se os números derem segurança, pelo ritmo de vacinação, devemos desmontar no mês de setembro”, afirmou sobre o Dell’Antonia.

 Prefeitura de São Caetano informou que não tem previsão de fechar o equipamento. Com 48 leitos de enfermaria, 30 vagas de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e dois leitos de retaguarda, o hospital foi reaberto em março, após ter sido desativado em agosto de 2020. Os recursos humanos, materiais de consumo, serviços de terceiros e locação de equipamentos custam cerca de R$ 3,8 milhões, custeados de maneira dividida entre os entes, sendo 40% bancados pelo município, 40% pelo governo federal e 20% pelo governo estadual. Ontem, a ocupação do equipamento era de 20% na enfermaria e 56% nas UTIs.

Ribeirão Pires celebrou ontem o fato de ter apenas um paciente internado no hospital de campanha. O equipamento colapsou entre março e abril e 40 pessoas morreram aguardando por um leito. Superada a fase mais difícil da pandemia até então, os 40 leitos estão praticamente desocupados e a estrutura custa R$ 1,1 milhão ao mês, também dividido entre os governos federal e estadual.

Especialistas dizem que variante delta preocupa 

A cautela na desmontagem das estruturas provisórias que serviram de apoio para as redes municipais de saúde é aprovada pelos especialistas. Médico da família e professor da Faculdade Santa Marcelina, Martim Elviro de Medeiros Junior ponderou que todas as medidas em relação à pandemia devem ser pensadas com cuidado, já que o grau de incerteza é grande por se tratar de doença que os profissionais ainda estão aprendendo a manejar. “Hospitais com taxas de ocupação muito baixas, a priori, perdem o seu sentido, mas as curvas de tendência devem ser observadas não em um momento individualizado e, sim, como um processo contínuo que tem muitas variáveis.”

O docente ressaltou que, de modo geral, o mais importante agora é coadunar de forma coordenada todas as vacinas disponíveis, o uso de máscara, evitar aglomerações e cuidado com a higienização das mãos. Medeiros Junior apontou que países com a taxa de vacinação igual à do Brasil, como a Rússia, vivenciaram, além de aumento do número de casos, também alta de internações e mortes com a variante delta. “Eles não tinham como cepa dominante a variante ômega (Amazônica), o que torna os desfechos da variante delta não tão claras no Brasil, já que as duas competem em termos de transmissibilidade.”

Coordenador das UTIs da Unidade São Luiz Jabaquara da Rede D’Or, Antônio Ganme avaliou que o desmonte de estruturas só deve ser feito após a maior parte da população estar completamente imunizada, uma vez que estudos apontam que a proteção contra a variante delta só se dá com duas doses dos imunizantes. Além disso, ressaltou o médico, que nos países vizinhos existem casos da variante lambda, até o momento ainda desconhecida sobre sua periculosidade.




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