Vila de Paranapiacaba recebe familiares do engenheiro-chefe Frederic Mens, que por ali morou entre 1911 e 1940
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“Estou chegando à casa do vovô.” Essa foi a primeira frase que o aposentado Durval Genofre Coelho da Silva, 81, anos, falou ao se preparar para subir a escadaria do local onde viveu seu bisavô, o engenheiro-chefe da Vila de Paranapiacaba Frederic Mens, que morou ali, onde hoje é o Museu Castelo, de 1911 a 1940.
Acompanhado de sua mulher, a também aposentada Juranda Aparecida Moreira da Silva, 77, Durval relembrou as visitas que fazia ao “avô” e relatou algumas das peripécias que realizou quando aproveitou toda sua infância correndo pelas ruas e pela mata que cerca Paranapiacaba. “Tenho muitas memórias daqui da vila e mesmo que ela tenha mudado muito, ainda tenho muito carinho por Paranapiacaba”, declarou.
Ainda que a idade avançada tenha comprometido um pouco suas locomoção e audição, Durval fez questão de passear por algumas das ruas da vila a pé, principalmente a Rua Direita, onde viveu, e uma parte da via conhecida como Caminho do Mens, que leva o nome de seu bisavô. E foi nessa caminhada que foi revisitando as memórias, como amigas que não via há muito tempo.
“Ali morava um senhor que era sapateiro, mas não me lembro de seu nome. Já naquela casa morava uma menina que foi minha namoradinha. Mas não vou falar o nome dela para a minha mulher não ficar brava”, brincou. Durval, assim, reencontrou o pequeno Durval, que viveu e brincou pelas ruas de Paranapiacaba.
Ponto alto da lembrança, no entanto, foi quando parou em frente ao terreno que abrigava sua casa, hoje já demolida. Parou e ajeitou o boné que usava para se proteger do Sol, este que também presenciava o fato. “Aqui ficava minha casa. Era uma casa grande, com um quintal que também era grande e que tinha bastante mato”, relembrou. Hoje, há no local apenas mato, moitas de taioba e algumas bananeiras. “Me lembro de sentir cheiro de pão logo pela manhã e quando ia buscar os pães, sempre comia o miolo”, afirmou o idoso. Sua família era dona da Farmácia São Silvestre, que também ficava na vila.
Além de Durval, Paranapiacaba também recebeu as visitas de dois filhos do idoso, Jamir Moreira da Silva e Jessamine Franz. Ambos também trouxeram as filhas, Giovanna e Vitória, netas do idoso. A última, por sua vez, trouxe Gabriel, o bisneto. Desta forma, a vila recebeu, pela primeira vez, quarta, quinta, sexta e sétima gerações da família Mens. Foi o próprio Durval que expressou a vontade de retornar para Paranapiacaba. A família, que atualmente vive em Indaiatuba, já tinha feito o passeio há aproximadamente 20 anos.
Das memórias que foi encontrando pelas ruas da vila ferroviária, Durval se lembrou com carinho de quando seguia para a escola. “A criançada toda ia para a escola descalça e eu brigava com minha mãe para também ir para a escola sem os sapatos, mas ela não deixava”, disse.
Além de visitar o Castelinho, antiga casa de seu bisavô, Durval e sua família passaram por alguns pontos bem conhecidos da vila, como o antigo mercado, o Centro de Visitantes e a Casa da Família Ferroviária. Em momento de real tentativa de conexão com o passado, Durval pediu para ir ao cemitério de Paranapiacaba, um dos mais antigos da região, com o objetivo de encontrar a urna de Frederic Mens, que, segundo o idoso, estaria enterrado na necrópole. “Me lembro que o jazigo ficava próximo ao portão que dá acesso à igreja (Bom Jesus de Paranapiacaba), mas não tenho mais certeza”, disse o idoso.
A família de Durval deixou Paranapiacaba em 1952 e se mudou para a Vila Guiomar, mais precisamente na Rua das Monções. No local também mantiveram uma farmácia.
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